Com a escalada do conflito internacional e a consequente procura por ativos de maior segurança, o dólar fortaleceu-se em termos globais. Entretanto, favorecido pelo fluxo positivo de capital estrangeiro, os ativos em reais parecem se configurar como uma opção na realocação dos portfólios, dada a queda nas ações de tecnologia, elevação das commodities e aumento de juros. A despeito do enxugamento da liquidez com os desdobramentos das sanções econômicas à Rússia, o dólar depreciou em 1,68%, frente à moeda brasileira, encerrando a semana cotado a R$ 5,07. Após um período de trajetória contrária, o movimento do real parece retomar a correlação positiva com os ganhos nos termos de troca, apesar das incertezas fiscais apontadas pelos analistas de mercado. A questão é por quanto tempo essa tendência se manterá. Os preços das commodities subiram, em especial as energéticas e metálicas, de modo que a cotação do barril de petróleo tipo Brent aumentou na semana expressivos 20,6% para US$ 118,11. Os temores com o forte impacto da crise mundial na inflação foram contemplados na precificação dos prêmios de risco da Estrutura a Termo da Taxa de Juros, de modo que a taxa de juros do swap DI prefixado de 360 dias exibiu alta de 0,55 p.p. encerrando em 13,02% a.a. e a taxa real de juros ex-ante cresceu 0,58 p.p. para 7,47% a.a.. Dentro das estimativas, o PIB apontou uma significativa expansão de 4,6% em 2021. Entretanto, grande parte do resultado refere-se à herança estatística de 2020 (+3,6%), com o PIB mantendo-se apenas 0,5% acima do verificado no 4T19. A deterioração do cenário externo associada à defasagem do impacto do ciclo de aperto monetário e às dificuldades de convergência da inflação à meta levam a projeção de crescimento em 2022 de apenas 0,4%. Ainda sem contemplar integralmente os desdobramentos da crise internacional, a projeção da inflação do IPCA em 2022 subiu 0,05 p.p. para 5,65%, enquanto a de 2023 manteve-se estável em 3,51%. Para essa semana além da tensão internacional, serão destaques a divulgação do IPCA, IGP-DI, PMC, Caged, dados de inflação e atividade nos EUA, China e Zona do Euro.
Boa leitura!