Ainda que o mercado siga precificando que o Federal Reserve (Fed) mantenha a taxa de juros inalterada na reunião desta semana, as atenções se voltam para o seu comunicado, com grande expectativa sobre uma possível indicação de início do processo de flexibilização monetária a partir da próxima reunião, em setembro. Percepção que ganhou mais força após os dados da inflação medida pelo PCE desacelerar de 2,5% a.a. em maio para 2,6% a.a. em junho, ratificando o entendimento de convergência à meta oficial de 2,0% de forma sustentada.
Por sua vez, o dinamismo da atividade econômica, como mostrou a 1ª leitura do PIB dos EUA no 2T24, com uma alta anualizada de 2,8% ante 2,1% esperada e 1,4% observada no 1T24, juntamente com o bom desempenho do PMI composto em julho, podem conferir maior cautela ao colegiado. No mercado, segue a precificação de cortes de até -0,75 p.p. em 2024. Na sexta-feira (26/07), a ferramenta FedWatch do CME Group apontava 56,9% de chance de a Fed Funds encerrar o ano entre 4,50% e 4,75% a.a. (45,8% em 22/07) e de 33,8% entre 4,75% e 5,00% a.a. (44,4% em 22/07).
Nesse contexto, observaram-se reduções semanais nos retornos das T-notes, com queda de -0,05 p.p. para 4,20% a.a. na de 10 anos. O dólar perdeu força frente uma cesta de moedas de países desenvolvidos, recuando -0,08% no período. Todavia, o cenário segue adverso para as moedas de países emergentes, em meio ao fortalecimento do iene, o desmonte de posições de carry-trade e a queda nos preços das commodities, com a cesta destas moedas se depreciando -0,24% no período. O real apresentou um desempenho aquém da média de seus pares emergentes, se depreciando em 1,05%, com o dólar cotado a R$ 5,66.
No ambiente doméstico, as atenções na semana estarão voltadas ao comunicado da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Apesar do consenso pela manutenção da taxa Selic em 10,50% a.a., espera-se uma revisão altista em suas projeções inflacionárias em meio à continua depreciação cambial, deterioração nas expectativas de inflação e preocupações com cenário fiscal. No relatório de Receitas e Despesas do 3º bimestre, o governo elevou para R$ -28,8 bilhões (0,25% do PIB) a projeção de déficit primário em 2024.
Assim, mesmo com as projeções para a taxa Selic, no Boletim Focus, não mostrando alterações significativas, observaram-se elevações nas taxas futuras, levando a taxa real de juros ex-ante a avançar 0,26 p.p. na semana para 7,43% a.a., adentrando ainda mais em território contracionista.
Com alta mensal de 0,30%, o IPCA-15 de julho avançou de 4,06% a.a. em junho para 4,45%, apresentando uma piora nas medidas qualitativas, com a média móvel trimestral (MM3) com ajuste sazonal ampliando-se de 4,53% a.a. em junho para 6,37% a.a.. Em consonância, as medidas subjacentes saíram de 4,38% a.a. para 4,69% em alimentação no domicílio e de 4,15% a.a. para 4,34% em serviços, na mesa base de comparação. Apesar do bom desempenho da arrecadação federal, com a entrada de R$ 208,8 bilhões em junho, sustentada pelo retorno da tributação de PIS/Cofins sobre os combustíveis, a tributação de fundos exclusivos e a atualização de bens no exterior, o setor público consolidado registrou um déficit primário de R$ -40,87 bilhões no mês, ampliando o déficit acumulado em 12 meses para 2,44% do PIB.
Ainda para esta semana, destaques na agenda local para as divulgações do IGP-M em julho; Caged, Pnad Contínua e produção industrial em junho. No exterior, as atenções recaem para o PIB, confiança do consumidor e CPI na Zona do Euro; PMI manufatura e serviços na China; confiança do consumidor, vendas de casas pendentes, PMI manufatura e Payroll nos EUA.
Boa leitura!