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Comentários Relatório de Estabilidade Financeira – Maio de 2023

•O grande destaque no REF de maio do Banco Central (BC) foi a incorporação dos efeitos da quebra de bancos médios nos EUA e dos desdobramentos da ocorrência nas Lojas Americanas. A ameaça à estabilidade financeira produziu impactos relevantes nas condições financeiras. Apesar de todos os esforços do Federal Reserve, remanesce uma elevada incerteza.

•Com impacto doméstico limitado, o BC monitorará alguns fatores de risco: (1) perdas não realizadas na marcação a mercado de títulos nos balanços; (2) medidas de suporte à liquidez; (3) garantias a depositantes; (4) particularidades regulatórias de instituições financeiras (IFs) de menor porte; e (5) interação entre política monetária e estabilidade.

•Com um crescimento adequado, as captações beneficiaram-se fortemente dos depósitos a prazo e dos instrumentos com isenção tributária. A partir da pandemia e com a disseminação das plataformas eletrônicas, o ambiente competitivo se acirrou, com a convergência das taxas de captação praticadas.

•Adicionalmente, cresceu-se a participação de instrumentos sem previsão de resgate antecipado, movimento que sugere uma maior disposição dos investidores em trocar liquidez por aplicações mais longas e de maior rentabilidade, favorecendo a gestão de ativos e passivos (ALM) das IFs.

•Os níveis de liquidez de curto prazo e estrutural estão adequados para o bom funcionamento do sistema de intermediação. Por sua vez, o acesso facilitado pelas plataformas proporcionou uma maior segurança para que IFs operem com menor quantidade de ativos líquidos para fazer frente aos resgates estimados.

•Ademais, a previsão da ampliação dos ativos elegíveis a compor a cesta de garantias proporcionará uma maior utilização das Linhas Financeiras de Liquidez (LFL) do BC, criando condições para a obtenção de recursos em momentos de estresse e reduzindo os custos de carregamento de liquidez.

•As concessões de crédito bancário para as grandes empresas reduziram-se com o evento das Lojas Americanas. Já a expansão do estoque para Micro, Pequenas e Médias empresas (MPMe) perdeu também velocidade. Porém, o ritmo permanece mais intenso do que o verificado antes da pandemia. A parcela dos ativos problemáticos (APs) da carteira subiu em 2022, com uma deterioração mais significativa para as microempresas.

•Para as famílias, o maior comprometimento de renda e o elevado nível de endividamento se fazem sentidos na desaceleração das modalidades de maior risco. A parcela de APs na carteira continua a se elevar, porém o percentual ainda se encontra abaixo do pico verificado durante a pandemia. Apesar de alguns sinais de descompressão, o indicador deve permanecer em patamar elevado, com o cenário econômico incerto, a dificuldade na gestão orçamentária das famílias e o próprio arrefecimento no crescimento do crédito.

•As provisões aumentaram ao longo de 2022 paralelamente ao crescimento dos APs. Pelos modelos do BC, o nível das provisões mantido era em montante superior ao da perda esperada estimada. Após uma recuperação, a rentabilidade do sistema voltou a diminuir. Apesar de representar parcela não relevante dos ativos totais do sistema bancário, houve prejuízo em 21,6% dos participantes em 2022. Os resultados estarão pressionados com uma evolução menos favorável para a inadimplência, provisões e um crescimento menor do crédito.

•O sistema mantém-se sólido e apto a conservar o funcionamento da intermediação financeira, não representando dessa forma um entrave para a expansão da oferta de crédito. Apesar da redução em 2022, os índices de capitalização permaneceram confortavelmente acima dos mínimos regulamentares. Por fim, os resultados das análises de risco e dos testes de estresse demonstraram a resiliência da base de capital.

Boa leitura!

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