Por causa da maior desconfiança na trajetória futura das contas públicas, houve na semana uma elevação considerável nos prêmios de risco embutidos na precificação dos ativos domésticos. O real exibiu o pior desempenho entre as principais divisas de mercados emergentes, depreciando-se em 2,84%, o Ibovespa voltou a operar abaixo dos 130 mil pontos e o risco soberano, medido pelo CDS de 5 anos, aumentou em 9,58 bps. para 155,22 bps..
No mercado de opções do Comitê de Política Monetária (Copom) da B3, a probabilidade de um aumento de 0,50 p.p. em novembro era de 73,0% em 11/10. Com a maior inclinação da curva de juros, a taxa real de juros ex-ante subiu 0,20 p.p. na semana para 8,20% a.a., o maior patamar desde 19/12/23. Entrando, dessa forma, em patamar ainda mais contracionista, quando comparado com a taxa de 4,75% a.a. considerada como neutra pelo Banco Central (BC). No Boletim Focus, a mediana das projeções para a Selic aponta altas de 0,50 p.p. nos próximos 2 meses e de 0,25 p.p. em janeiro, levando a taxa ao ápice de 12,00% a.a.. A flexibilização monetária só seria retomada apenas em setembro, com um corte de -0,25 p.p..
Mesmo com a elevação das taxas de juros de mercado, ainda não se observa um movimento inequívoco de ancoragem das expectativas. No horizonte relevante para a política monetária, ou seja, 18 meses à frente, a expectativa no Focus diminuiu de 3,89% em 4/10 para 3,80% em 11/10. Sem grandes alterações nos números qualitativos, mas confirmando as esperadas pressões nos custos de alimentos e energia elétrica, o IPCA de setembro subiu 0,44%, avançando em um ritmo de 4,42% a.a., bem próximo do teto da meta.
Em agosto, a redução no volume de vendas no varejo e no setor de serviços apresentaram indícios de acomodação na atividade econômica, que deverão ser ratificados pelos efeitos da política monetária mais contracionista. Entretanto, o IBC-Br subiu 0,2% em agosto, deixando um carrego estatístico de 0,59% para o 3T24, sugerindo uma expansão semelhante do PIB no período.
Com a economia dos EUA expandindo-se em ritmo sólido, a inflação tem exibido progressos graduais em direção à meta de 2,0%. O índice de preços ao consumidor (CPI) desacelerou de 2,5% a.a. em ago/24 para 2,4% a.a., enquanto o índice de preços ao produtor (PPI) passou de 1,9% a.a. para 1,8% a.a.. Assim, o mercado consolidou as suas apostas que o Federal Reserve (Fed) reduza o ritmo de corte de juros em novembro para -0,25 p.p..
Na semana que se adentra, as atenções se voltam para dados de atividade nos EUA, como varejo e produção industrial, que podem mostram um cenário de consumo ainda aquecido, além da decisão sobre os juros na Europa, inflação ao consumidor e produção industrial. Com novas medidas de estímulo anunciadas, os números do PIB, indústria e varejo na China poderão dar a temperatura do cenário de desaceleração no 3T24. Por aqui, foco no Monitor do PIB e no IGP-10 de outubro.