O aguardado pronunciamento do presidente do Fed em Jackson Hole trouxe um pronunciamento mais duro, demonstrando preocupações com a desancoragem das expectativas de inflação e sua disposição em fazer a inflação convergir à meta de 2,0% a.a.. Utilizada como referência, a inflação pelo PCE reduziu-se de 6,8% a.a. para 6,3% a.a. (4,6% na medida de núcleo). A prévia de agosto dos índices PMI da manufatura e serviços nos EUA sinalizaram desaceleração. Embora já seja verificado um arrefecimento da expansão da atividade econômica e pressão inflacionária, a mensagem do Fed é de que os juros deverão permanecer em patamares restritivos por um período mais longo do que se aguardava. Com a interpretação de que o processo seja dolorido, as bolsas fecharam com acentuadas perdas em relação à semana anterior. O spread negativo entre as taxas juros de 10 (3,04% a.a.) e de 2 anos (3,37% a.a.) é uma sinalização de uma possível formação de um processo recessivo. Mesmo com a apreciação do dólar no mercado internacional, o real se apreciou 2,08% na semana, chegando a R$ 5,06/US$, beneficiando-se do fluxo de entrada de capital externo. A prévia do IPCA registrou deflação de -0,73% em agosto, com o ritmo de expansão anual arrefecendo de 11,39% a.a. em jul/22 para 9,60% a.a.. A suavização refletiu fundamentalmente a redução de impostos sobre os combustíveis e a energia elétrica. No que tange às expectativas, ainda não houve alteração substancial no horizonte relevante para a condução da política monetária (o ano de 2023 e, em menor grau, o de 2024). No Boletim Focus, as projeções para o IPCA de 2023 cederam -0,03 p.p. para 5,30%, mantendo-se em 3,41% para 2024. A arrecadação federal surpreendeu novamente em julho com a entrada de R$ 202,6 bilhões via impostos e previdência (+7,5% a.a.). O déficit em transações correntes acumulado em 12 meses apresenta trajetória de alta, com o aumento mais acelerado das importações em relação às exportações, a retomada das viagens internacionais e maior remessa de lucros dividendos – saindo de US$ -26,9 bilhões em abril (1,57% do PIB) para US$ -32,9 bilhões (1,89% do PIB) em maio. Para a semana, serão destaques o PIB brasileiro do 2T22, Pnad, fiscal, produção industrial e relatório de emprego nos EUA.
Boa leitura!