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Comportamento Semanal – Processos acidentados

O rumo a ser trilhado pela política monetária nos EUA é o principal vetor para a determinação do apetite ao risco. Assim, a conjugação de mensagens mais assertivas de membros do Federal Reserve (Fed) com os mais recentes números relativos ao mercado de trabalho, atividade e inflação, a premissa para o início de cortes na taxa básica de juros em junho ganhou força. Frustrando as expectativas otimistas, a desaceleração da inflação dos preços ao consumidor (CPI) de 3,3% a.a. em dez/23 para 3,1% a.a. em janeiro e a manutenção na margem da medida de núcleo em 3,9% a.a., evidenciaram a pressão nos preços do setor de serviços o que deve produzir um processo acidentado na convergência à meta de inflação. Porém, o prolongamento da taxa de juros em terreno contracionista incomoda os investidores com preocupações acerca do mercado de crédito que já exibe alguns sinais de elevação nas taxas de inadimplência.

Em ata, o Comitê de Política Monetária (Copom) assinalou que o processo desinflacionário segue a trajetória esperada, sem alteração no cenário prospectivo para a inflação. Em se confirmando o quadro esperado, o Copom antevê uma redução de -0,50 p.p. em março e maio. A magnitude total do ciclo de flexibilização dependeria das variáveis que compõem a dinâmica inflacionária, mas com o esgotamento de alguns fatores que impulsionaram o ambiente benigno, há também incômodo com a evolução do mercado de trabalho e as medidas de núcleos e da inflação de serviços, principalmente as subjacentes.

No curto prazo há receio com um eventual solavanco no processo de reancoragem das expectativas, a média móvel trimestral (MM3) dessazonalizada e anualizada do IPCA acelerou de 2,55% a.a. em dez/23 para 4,47% a.a. em janeiro. Da mesma forma, o mesmo indicador para a média dos 5 núcleos acompanhados pelo Banco Central (BC) saiu de 3,11% a.a. em dez/23 para 3,80% a.a. e dos serviços subjacentes de 4,25% a.a. para 5,26% a.a., o maior nível desde jul/23. Os números qualitativos no IPCA de janeiro não devem aumentar a aposta de que o BC não cumpra a sinalização de reduções de -0,50 p.p. na Selic nas 2 próximas reuniões, mas a depender da evolução dos dados, principalmente no que tange à inflação de serviços, deve-se considerar a possibilidade de redução no tamanho dos cortes nos encontros posteriores.

Ainda que dependa do comportamento dos dados, a trajetória para a Selic apontada pelo BC é reforçada no arrefecimento da atividade econômica, que foi ratificado na divulgação dos últimos indicadores. Com perda de ímpeto nas vendas no 4T23, o volume do comércio restrito encerrou dezembro com uma alta de 1,7% a.a. ante 1,6% a.a. em nov/23 (1,0% a.a. em dez/22), enquanto o comércio ampliado fechou com uma alta de 2,4% a.a. contra 2,3% a.a. em nov/23 (-0,6% a.a. em dez/22). A perda de dinamismo em serviços também clara, o que deveria mitigar a pressão nos preços do segmento. Após uma queda de -7,83% em 2020, com a pandemia, e as elevações de 8,25% em 2022 e de 10,93% em 2021, a expansão no segmento reduziu-se para 2,34% em 2023.

Para esta semana mais curta, as atenções recaem para o IGP-10. No cenário internacional, destaque para os dados de atividade referentes a janeiro, que devem manter o entendimento de que a atividade nos EUA mantém-se aquecida.

Boa leitura!

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2 comments on “Comportamento Semanal – Processos acidentados”

  1. Parabéns ABBC pelo conteúdo, sempre muito esclarecedor.