Quarta-feira será de extrema relevância para o Banco Central (BC) e o Federal Reserve (Fed), nem tanto pelas decisões de elevação das taxas juros, mas pelos sinais dos próximos passos. No ambiente interno, a questão é se o provável aumento em 0,50 p.p. para 13,25% a.a. será o último, dado o cenário adverso para o balanço de riscos da inflação, mesmo com a surpresa positiva em maio que reduziu a sua taxa de 12,13% a.a. em abr/22 para 11,73% a.a.. A gravidade do cenário está evidenciada nas expectativas, com a mediana das projeções levantadas pela Agência Broadcast para 2023 ficando em 4,50%. Adicionalmente, as médias das medidas de núcleos acompanhadas pelo BC aceleraram de 9,69% a.a. em abr/22 para 10,11% a.a.. Para a convergência no horizonte relevante, será necessário o arrefecimento da atividade econômica, dado que ainda não se sentiu o impacto do aperto monetário, como indica a evolução das projeções de crescimento para 2022, agora ao redor de 1,5%. Em abril, o volume de vendas do varejo exibiu aumento de 0,89% no conceito restrito e de 0,74% no ampliado. Os números apontam um viés positivo para a evolução da atividade no 2T22. Um provável arrefecimento é preocupante, pois encontrará as famílias com nível de endividamento elevado e um orçamento cada vez mais apertado pela inflação e pela elevação da taxa de juros. A proporção de famílias com contas em atraso vem aumentando consecutivamente desde out/21, alcançando 28,7% do total (24,3% em mai/21), segundo a CNC. Nos EUA, conforme indicação da reunião anterior, o juro dos Fed Funds deve se elevar em 0,5 p.p. para o intervalo entre 1,25% e 1,50% a.a.. Ainda que indicados aumentos da mesma magnitude em junho e julho, a divulgação do CPI em 8,6% a.a. provocou uma maior aversão com o fato da autoridade monetária estar atrás da curva. Assim, a reunião do Comitê de Política Monetária será importante para conhecer as projeções do Federal Reserve e a estratégia para o processo de desinflação. Na agenda da semana, destaque ainda para a Pesquisa Mensal de Serviços de abril.
Boa leitura!