Para esta reunião, o Comitê anteviu um ajuste de 100 pontos base, abrindo a possibilidade de que a decisão fosse ajustada de forma a assegurar o cumprimento da meta de inflação, dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária (2022 e em menor grau em 2023).
Em agosto, o cenário básico, com trajetória dos juros da Focus e a taxa de câmbio partindo de R$ 5,15/US$ e corrigida pela paridade do poder de compra, as projeções de inflação eram de 6,5% para 2021 e 3,5% para 2022. Esse cenário estimava a Selic se elevando para 7,00% a.a. neste ano e mantendo-se nesse patamar em 2022. Na ocasião, as expectativas de inflação para 2021 e 2022 da pesquisa encontravam-se em torno de 6,8% e 3,8%, respectivamente.
Desde então, o IPCA se aproximou do nível de 10% a.a., com piora em várias medidas de inflação importantes, como a de serviços, subjacentes e de núcleos. A mediana das expectativas aumentou para 8,00% em 2021. Para 2022, elevou-se para 4,03%, valor significativamente acima da meta de 3,5%.
Adicionalmente, o balanço de riscos foi agravado com a deterioração do quadro das tarifas de energia elétrica e a taxa de câmbio avançando para R$ 5,25/US$. De forma compensatória, houve uma acomodação do ritmo de recuperação da economia e a evolução esperada para a Selic na Focus contemplando agora um aperto monetário mais agressivo (8,00% a.a. ao final de 2021 e 2022) ao projetado em agosto para acomodar a inflação de 2022 em 4,03%.
A recente comunicação de que a política monetária tem seu “plano de voo”, não necessariamente reagindo aos dados de alta frequência, ratificou um aumento de 100 pontos base da Selic para 6,25% a.a.. A mensagem pondera oportunamente o risco de que uma forte piora das condições financeiras possa prejudicar de forma excessiva a atividade no próximo ano, apesar da deterioração do balanço de riscos em relação à reunião de agosto e do tamanho do processo desinflacionário para a convergência em 2022 exigir uma elevação maior. Dessa forma, o horizonte relevante para a monetária passaria ser em maior medida o ano de 2023.