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Semana de overshooting

Com o intuito de corrigir disfuncionalidades, o Banco Central (BC) promoveu intervenções significativas no mercado cambial, aliviando relativamente a deterioração do real. Porém, a moeda fechou a semana depreciando-se em 0,45%, com o dólar sendo cotado a R$ 6,08, mas chegando a alcançar a R$ 6,30. O BC ofertou US$ 15,9 bilhões em venda de dólares no mercado à vista e US$ 12,0 bilhões em leilões de linha. Adicionalmente, para conter a elevação dos prêmios na curva de juros, o Tesouro interveio no mercado secundário, o que não ocorria desde a pandemia, com a recompra de títulos públicos.

Além do efeito da percepção da frágil credibilidade no arcabouço fiscal nos preços dos ativos, o overshooting na taxa de câmbio foi agravado pela deterioração na aversão ao risco, principalmente com o desdobramento dos sinais emitidos pelo Federal Reserve (Fed) no que diz respeito à trajetória futura da política monetária que levou a uma reavaliação para baixo nos preços das T-Notes. Com a necessidade de cautela no processo de flexibilização monetária, a probabilidade de manutenção dos Fed Funds em janeiro era de 91,4% e o dólar ganhou força frente a uma cesta de moedas de países desenvolvidos e emergentes.

A ata do Comitê de Política Monetária (Copom) reforçou o cenário prospectivo desafiador para a convergência da inflação à meta, com o: hiato do produto mais positivo; o forte dinamismo no mercado de trabalho; a abrupta depreciação cambial; a inflação corrente mais elevada; e as expectativas de inflação ainda mais desancoradas. Assim, foi necessária uma postura mais tempestiva para manter o firme compromisso de convergência da inflação à meta. Ademais, o Copom elevou a taxa de juros neutra de 4,75% a.a. para 5,00% a.a..

Na semana, a taxa real de juros ex-ante para 1 ano exibiu uma queda de -0,15 p.p. para 9,51% a.a., contudo ainda mantendo-se em terreno fortemente contracionista, mesmo com a elevação da taxa neutra pelo BC. Alinhando-se às mensagens do BC, a estimativa para a Selic no Boletim Focus elevou-se de 14,00% a.a. para 14,75% a.a. ao fim de 2025 e de 11,25% para 11,75% a.a. para o final de 2026. Conforme a sinalização de que a régua é alta para uma eventual alteração da sinalização de aumentos de 1,0 pp. da Selic nas 2 próximas reuniões, o mercado de opções da B3 atribuía, em 20/12, 67,0% de probabilidade de um aumento de 1,0 p.p. em janeiro.

As projeções no Relatório de Inflação do BC para a expansão do PIB em 2024 elevaram-se de 3,2% em set/24 para 3,5%. Contudo, a conjugação da expectativa de um menor impulso fiscal com o substancial aperto monetário, espera-se uma desaceleração para 2025 para 2,1%, ante os 2,0% estimados em set/24.

Reforçando o cenário profundamente desafiador para a convergência das expectativas à meta de 3,0%, o movimento de desancoragem persiste, apesar das mensagens mais duras e da atuação do BC. No horizonte relevante para a política monetária, fim do 2T26, a projeção para o IPCA acumulado em 12 meses saltou de 4,13% para 4,27%.

Na semana que se adentra, as atenções se focam no resultado do IPCA-15 de dezembro, que pode continuar mostrando um processo de deterioração no balanço de riscos da inflação. Adicionalmente, serão divulgados o IGP-M, os dados sobre mercado de trabalho e as sondagens de confiança da FGV.

Na agenda internacional, serão divulgadas nos EUA as informações sobre a confiança dos consumidores, pedidos de bens duráveis, vendas de casas novas e estoques no atacado, que no geral, devem manter o quadro de uma economia sólida. Na China, enfoque na decisão sobre a taxa de empréstimos de médio prazo (1 ano).

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