Apesar dos números frustrantes do PIB nos 2 últimos trimestres e da perspectiva negativa para a economia, o crescimento do saldo do crédito mantém-se pelo 3º mês consecutivo estável em 16,0% a.a.. A trajetória favorável das concessões acumuladas em 12 meses acompanhou a recuperação econômica no início de 2021. Com melhor desempenho, as novas operações com recursos livres (RL) ainda não refletem a deterioração das condições financeiras e o ambiente recessivo que vem se constituindo. Assim, a Média Móvel Trimestral (MM3) das concessões ajustadas sazonalmente mantém trajetória crescente para operações com RL, tanto para pessoas físicas (PF), como para pessoas jurídicas (PJ).
Todavia, como a dinâmica do mercado de crédito é sustentada fundamentalmente pelas operações com RL e com PF, modalidades que são mais sensíveis ao cenário da economia real, é difícil que esse quadro positivo se mantenha no próximo ano. Os empréstimos com recursos direcionados (RD) perderam dinamismo com a redução do impacto dos programas emergenciais realizados na pandemia. Dessa forma, com esse quadro desfavorável, a expectativa da Assessoria Econômica da ABBC é de que o crescimento seja de 13,2% em 2021 e de 8,5% em 2022. Na abertura, a projeção para 2021 contempla elevações de 16,7% para RL ( 20,0% para PF e 13,0% para PJ) e de 8,3% para RD (14,0% para PF e 0,0% para PJ). Já para 2022, considera altas de 11,1% para RL (12,0% para PF e 10,0% para PJ) e de 4,8% para RD (10,0% para PF e -4,0% para PJ).
As taxas de juros dos empréstimos subiram, reagindo ao maior custo de captação com a alta da taxa Selic e o aumento da alíquota do IOF. Contudo, o spread bancário permanece pressionado, mantendo-se abaixo do nível verificado anteriormente à pandemia. No que tange à qualidade dos ativos, a inadimplência para as micro, pequenas e médias empresas (MPME) apresentou uma pequena elevação, enquanto a das grandes empresas (GE) até se reduziu em 2021. Apesar do elevado nível do endividamento das famílias, a evolução do comprometimento da renda mostrou queda até agosto. Além dessa defasagem, a elevada alavancagem é preocupante em um contexto de evidente retração da renda disponível, de desaquecimento da atividade econômica e de inflação corrente elevada.