Na semana, o destaque recaiu para as divulgações dos números relativos à inflação doméstica e dos EUA. O IPCA de dezembro apontou alta de 0,56%, acima dos 0,41% esperado, acumulando uma expansão de 4,62% em 2023, estabelecendo-se abaixo do teto da meta pela 1ª vez desde 2020. A apreciação cambial e o alívio nos preços das commodities, destacando-se a safra recorde de grãos, contribuíram para as menores pressões inflacionárias em 2023, assim como a redução dos custos no setor produtivo, dado a reorganização das cadeias globais de suprimentos. Os preços de serviços, por sua vez, seguiram pressionados pelo mercado de trabalho apertado. No horizonte, persistem sinais de alerta dado que fatores que contribuíram para uma menor pressão em 2023 não estarão presentes nesse ano. Espera-se uma estabilização nos preços das commodities metálicas e de alimentos, elevação de alíquotas de ICMS, e uma menor pressão baixista dos bens industriais. Com isso, a mediana das projeções no Boletim Focus para o IPCA de 2024 ficou em 3,87%, mantendo-se acima da meta de 3,00%.
Da mesma forma, nos EUA, a inflação ainda preocupa dado que os preços parecem terem se acomodado em níveis elevados. O índice de preços ao consumidor (CPI) acelerou de 3,1% a.a. em nov/23 para 3,4% a.a. em dezembro, muito acima da meta de 2,00%. Esses cenários, contudo, não foram suficientes para que os investidores alterassem suas expectativas no que tange à condução da política monetária. Monitoramento da Fedwatch da CME Group apontava na sexta-feira (12/01) probabilidade de 76,9% de um corte na fed funds de -0,25 p.p. para entre 5,0% a.a. e 5,25% a.a. na reunião de março. Assim, ganha importância a divulgação do Livro Bege esta semana, que deverá trazer um panorama mais apurado da economia norte-americana. Além disso, os dados da produção industrial e o índice de confiança do consumidor, com a atualização das projeções inflacionárias, deverão ajudar na calibragem dos próximos passos.
Na semana, as principais bolsas internacionais apresentaram ganhos, com destaque para as altas de 3,1% na Nasdaq, de 1,8% na S&P e 6,6% no índice Nikkei. O rendimento das T-Notes de 10 anos recuou-0,09 p.p. para 3,96%, enquanto o real se apreciou 0,43%, com o dólar cotado a R$ 4,85. O alívio na percepção de risco se refletiu na estrutura a termo da taxa de juros (ETTJ) que registrou queda em quase todos os vértices. Ademais, a atividade deu novos sinais de desaceleração, com a redução na produção de veículos. O saque líquido da caderneta de poupança alcançou R$ -87,8 bilhões em 2023, acumulando um montante de R$ 983,0 bilhões (-1,6% a.a.), em função dos juros ainda elevados, alto endividamento das famílias, perda de competitividade frente a outras opções de investimento mais atrativos e a saída de recursos para gastos correntes. Lá fora, a deflação na China e dados mais fracos de varejo na Zona do Euro reforçaram as preocupações quanto ao crescimento da economia global. Com isso, ressaltam-se as divulgações do PIB chinês e do CPI da Zona do Euro durante a semana. Atenção ainda para a divulgação das pesquisas mensais de serviços e comércio, além do IBC-Br, que deverão confirmar a tendência de desaceleração no ritmo de crescimento do PIB no último trimestre de 2023.
Boa leitura!