O ano fechou com a aversão ao risco em alta, em meio a uma redução na liquidez e o ambiente repleto de incertezas para 2025. Na semana, o dólar fortaleceu-se no mercado de câmbio internacional. Com a atuação do Banco Central (BC) no câmbio apenas para atender a demanda por saída de recursos do país, o real depreciou-se -1,77% na semana, com um desempenho inferior ao indicador de moedas emergentes. O Ibovespa acumulou uma queda de -1,50% no período, voltando ao nível de 120 mil pts.. Ademais, o risco soberano medido pela cotação do CDS de 5 anos avançou 13,87 bps., para 211,19 bps..
Acompanhando o aumento da rentabilidade dos treasuries, as taxas de juros locais subiram ao longo de toda a curva. Como consequência, a taxa real de juros ex-ante para 1 ano era 9,87% a.a. em 27/12, acumulando elevação de 0,38 p.p. na semana, alcançando patamar fortemente contracionista, quando comparado à taxa neutra de 5,0% a.a. estimada pelo BC.
Com a sinalização do BC de que a régua é alta para qualquer alteração no guidance para a evolução da política monetária, reduziram-se as apostas em um aperto monetário mais significativo em janeiro e consolidaram-se as apostas de uma alta de +1,0 p.p.. De forma compatível, a pesquisa Focus continuou indicando aumentos da Selic de +1,00 p.p. em janeiro e março, sucedidos por elevações de +0,50 p.p. em maio e +0,25 p.p. em junho, atingindo a máxima de 15,00% a.a..
A despeito da surpresa com o IPCA-15 de dezembro, a dinâmica dos indicadores qualitativos reforçou o tamanho do esforço para que haja a convergência da inflação à meta de 3,0%. Em patamar muito próximo ao observado em dez/23, a taxa anualizada desacelerou de 4,77% a.a. em nov/24 para 4,71% a.a.. Com a expressiva depreciação cambial, o movimento de ampliação da desancoragem nas expectativas continua, apesar das projeções de um aperto monetário maior e mais duradouro. Assim, no horizonte relevante, a inflação acumulada em 12 meses ao final do 2T26 saiu de 4,27% em 20/12 para 4,31% em 27/12.
Em consonância com o diagnóstico de uma taxa de juros ainda mais contracionista, os dados de emprego evidenciaram a pressão no mercado de trabalho. Pela PNAD, a taxa de desocupação recuou para 6,1% da força de trabalho no trimestre findo em novembro, no menor nível da série histórica iniciada em fev/12. O total de pessoas ocupadas alcançou 103,9 milhões (+1,4 p.p. no trimestre), enquanto os desocupados caíram para 6,8 milhões (-7,0 p.p. no trimestre). Os rendimentos mantiveram trajetória de alta, subindo 3,1% a.a. para R$ 3.183,00.
O setor público consolidado registrou um déficit primário de R$ -6,62 bilhões em novembro, assim o resultado acumulado em 12 meses ficou em -1,65% do PIB, o que representou uma queda de -0,28 p.p. na margem, mas com uma alta de 0,43 p.p. em 12 meses.
Na semana que se adentra, a agenda é pouco movimentada com destaque para a divulgação do indicador de incerteza econômica da FGV e o índice de confiança empresarial no Brasil, além dos números de atividade como o PMI industrial nos EUA, China e Zona do Euro.