O Comitê de Estabilidade Financeira (Comef) do Banco Central (BC) assinalou que a expansão do crédito amplo continua condizente com os fundamentos, crescendo 12,4% a.a.. No Sistema Financeiro Nacional (SFN) sublinhou a expansão nominal em 12 meses (12m) para pessoas físicas (PF) que subiu 10,6 p.p. em relação a jan/21 para 21,5% a.a., com destaque para as modalidades de maiores riscos e retornos, como o cartão de crédito (41,2% a.a.), cheque especial (32,9% a.a.) e crédito não consignado (43,3% a.a.). Para pessoas jurídicas (PJ), os empréstimos para as micro, pequenas e médias empresas (MPME) arrefeceram com o final dos programas governamentais, encerrando em 16,9% a.a. (36,5% a.a. em jan/21). Para as de maior porte (GE), o mercado de capitais permanece como opção, de modo que a emissão de títulos privados aumenta em 29,8% a.a. e a securitização em 46,8% a.a..
A despeito do ciclo de aperto monetário e do quadro macroeconômico, as concessões acumuladas em 12m ainda mostram aceleração de 18,2% a.a. em dez/21 para 21,6% a.a. em janeiro. A taxa média de juros nas modalidades com recursos livres (RL) subiu 6,9 p.p. em 12m para 25,3% a.a.. Com relação à qualidade da carteira, a inadimplência do crédito com RL subiu apenas 0,4 p.p. em 12m para 3,3%.
O BC acrescenta ainda que a materialização do risco de crédito foi inferior à esperada, favorecida pelo aumento de faturamento e a redução de alavancagem das empresas. Para as famílias, o crescimento da carteira de ativos problemáticos estaria acompanhando o dos empréstimos. O maior apetite de risco para PF, tenderia a elevar a inadimplência, ainda que dentro dos padrões históricos. Nessa linha, a evolução do endividamento das famílias e do seu comprometimento de renda é preocupante, dado o elevado contingente de desempregados, a diminuição da renda real, a inflação elevada e o aumento da taxa básica de juros. Assim, o Comitê recomenda que os intermediários financeiros continuem preservando a qualidade das concessões de crédito.
A Assessoria Econômica da ABBC mantém as suas projeções para o mercado de crédito em 2022 em 8,9%, sendo 11,6% para PF e 5,5% para PJ. Na abertura por fonte de recursos, espera-se alta de 11,1% para RL (12,0% PF e 10,0% PJ) e de 5,8% para RD (11,0% PF e -0,3% PJ).