Há alguma preocupação com o cenário favorável, embora em agosto as operações crescessem a 15,9% a.a., ritmo adequado à retomada da economia. A preocupação é prospectiva, advindo da dissipação do impacto dos programas emergenciais, conjugada com a formação de um cenário econômico mais adverso para a demanda, resultante da inflação elevada e dos juros mais altos. O fator de risco mais significativo advém dos empréstimos para empresas (PJ), cuja taxa de expansão anual reduziu-se no ano em -9,6 p.p. para 12,2% a.a., devendo continuar perdendo fôlego nos próximos meses. Como atenuante, as concessões dessazonalizadas para capital de giro têm se mantido estáveis, enquanto a queda na margem para PJ de -3,5% deve ser relativizada pelo grande volume de contratações no Pronampe em jul/21. O protagonismo das modalidades para as famílias (PF) deve se sustentar no curto prazo com a relativa melhora do mercado de trabalho, com aceleração em 2021 de 7,6 p.p. para 18,4% a.a.. Diante da resiliência do segmento para PF, revisamos a taxa de crescimento do crédito neste ano de 11,2% a.a. para 13,2% a.a..
Com recursos livres (RL), mais sensíveis à política monetária, a taxa média de juros ficou em 29,9% a.a., com elevação de 4,4 p.p. no ano (4,6 p.p. para PJ e 3,7 p.p. para PF). Ainda para RL, o indicador de inadimplência mostra trajetória confortável com uma alta em 2021 de apenas de 0,1 p.p. (0,2 p.p. para PJ e estável para PF). A piora no segmento PJ refere-se às micros, pequenas e médias empresas, com alta no indicador de 0,7 p.p. em 2021, embora a parcela da carteira E-H tenha se reduzido em -0,2 p.p. no mesmo período. Em jun/21, o endividamento total das famílias em relação à sua renda atingiu o pico da série, finalizando em 59,9%. Por sua vez, o comprometimento da renda mostra relativa estabilidade em 30,9%, contudo tende a subir nas próximas divulgações com o aumento progressivo do indicador do custo de crédito e a queda da renda disponível.