O Monitor do PIB da FGV apontou uma expansão de 3,0% em 2023. Na série dessazonalizada, a economia cresceu 0,1% no 4T23 em comparação ao 3T23. Pela 3ª vez consecutiva, os consumidores ficaram menos propensos às compras em fevereiro. Entretanto, apesar da sequência negativa, a intenção de consumo das famílias da CNC manteve-se na zona de satisfação. Provavelmente por causa de um maior dinamismo na atividade, a arrecadação federal em janeiro superou o que se esperava, dando suporte para o governo federal adiar o prazo para a alteração da meta de zerar o déficit primário em 2024. Como consequência, no dia 28/02, o Tesouro deverá divulgar um superávit primário do governo central. Este bom desempenho e o resultado positivo do IBC-Br de dezembro devem ajudar a impulsionar as expectativas de crescimento do PIB deste ano para níveis próximos de 2,0%. Porém, apesar dos sinais alvissareiros, no Boletim Focus, o indicador do avanço da economia em 2024 ainda se encontra em 1,68% e a previsão do déficit primário em -0,80% do PIB.
Dentro do intervalo de tolerância da meta inflacionária, a estimativa do Focus para 2024 encontra-se em 3,81%. Com maior peso no horizonte relevante, a mediana para 2025 alcançou 3,52%, mantendo-se desancorada em relação à meta de 3,0%. Para a meta Selic, o boletim espera 4 quedas consecutivas de -0,50 p.p. e na sequência 1 de -0,25 p.p., ficando em 9,00% a.a. no término de 2024 e em 8,50% a.a. ao final de 2025. Com essa trajetória esperada e as expectativas inflacionárias do IPCA indicadas no Focus, a taxa real de juros ex-ante tem-se acomodado em aproximadamente 6,0%, patamar ainda restritivo.
A comunicação mais conservadora dos membros do Comitê de Política Monetária (FOMC) do Federal Reserve (Fed) foi ratificada na ata, o que não alterou significativamente as apostas de mercado que já apontavam junho como o cenário base para o início dos cortes de juros. Embora o aperto monetário pareça ter alcançado o seu pico, ainda há grande preocupação com os riscos inflacionários, que entretanto devem ser relativizados, pois é provável que o impacto das taxas de juros elevadas ainda não tenha finalizado. Assim, a ferramenta Fedwatch do CME Group, em 23/02, registrava 52,3% de chance de uma queda de -0,25 p.p. em junho contra 55,3% no dia 16/02.
Se as condições financeiras ficarem restritivas por tempo prolongado há a possibilidade de que ocorra uma desaceleração mais forte. No que tange ao sistema bancário, o FOMC considerou que os riscos diminuíram consideravelmente quando comparados com a última primavera. Entretanto, destacaram que há vulnerabilidade em algumas situações. Ademais, entendeu que se deve monitorar a liquidez do sistema à medida que for normalizado o balanço patrimonial do Fed. Observou, ainda, que os preços dos imóveis comerciais continuaram em declínio, porém não identificou riscos potenciais com as exposições nesse segmento. Como preocupação, citou o aumento dos custos de financiamento, a dependência significativa de depósitos não garantidos e as perdas não realizadas na avaliação de ativos resultante do aumento das taxas de juro de longo prazo.
Ainda para esta semana, a atenção deve estar voltada para as divulgações de índices de inflação, como o IPCA-15, IGP-M, o deflator dos gastos do consumidor (PCE) nos EUA e a prévia do índice de preços ao consumidor (CPI) na Zona do Euro que podem ter impacto na evolução das políticas monetárias. Destaques ainda para as sondagens da FGV, a ata do Comitê de Estabilidade Financeira (Comef), a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), a Pnad Contínua, a 2ª leitura do PIB nos EUA e o PMI manufatura e serviços na China.
Boa leitura!