Em trajetória de acomodação, o estoque dos empréstimos no Sistema Financeiro Nacional (SFN) crescia 16,8% a.a. em agosto. Mesmo com o aumento de 10,9 p.p. desde ago/21 na taxa média de juros, as concessões acumuladas em 12 meses (12m) cresciam 24,2% a.a., ainda que com alguma moderação (27,4% a.a. em mar/22). As contribuições de 0,64 p.p. do cartão de crédito e de 0,29 p.p. na composição de dívidas no aumento de 1,72% em agosto nas operações com recursos livres (RL) para pessoas físicas (PF) são sinais de alerta. As modalidades de maior risco avançam de forma significativa e preocupante, o cartão de crédito rotativo se elevava em 74,1% a.a. (39,6% a.a. em dez/21), o cheque especial em 32,0% a.a. (28,0% a.a. em dez/21) e o não consignado em 30,6% a.a. (28,0% a.a. em dez/21). A deterioração é já perceptível em alguns segmentos, de modo que a taxa média de inadimplência para o cheque especial era de 12,4% (+0,9 no ano), de 7,2% para o crédito não consignado (+2,3 p.p. no ano) e de 43,4% para o cartão de crédito rotativo (+7,7 p.p. no ano).
Embora com alguma moderação, provavelmente por causa da melhora dos indicadores econômicos, o endividamento das famílias e do comprometimento da renda ainda avançam, superando recordes históricos. Contudo, com a incerteza do cenário prospectivo remanescem os receios com a tendência de longo prazo da qualidade dos ativos, principalmente se confirmada a desaceleração da atividade econômica em um contexto de juros elevados.
Com a boa performance do mercado de crédito, a Assessoria Econômica da ABBC revisou as suas projeções. Para 2022, a expectativa de crescimento do crédito saiu de 12,8% no último informativo para 14,5%, com 16,6% para PF e 11,2% para pessoas jurídicas (PJ). Com a carteira com RL crescendo 17,1%, 19,2% para PF e 15,0% para PJ. Já para recursos direcionados (RD) teriam alta de 9,9%, de 13,2% para PF e de 4,1% para PJ. Para 2023, projetamos crescimento de 8,3% (8,7% para PF e 7,4% para PJ), com altas de 9,8% para RL (10,0% para PF e 9,0% para PJ) e de 6,2% com RD (7,0% para PF e 4,1% para PJ).