Apesar de que persista uma desancoragem relevante das expectativas inflacionárias no horizonte relevante para a política monetária e tenham surgido algumas preocupações com as medidas que agregam os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária, entendemos que ainda há espaço para 3 cortes consecutivos de -0,50 p.p. na meta Selic, que levariam a taxa para 9,75% a.a. em junho.
Em relação ao encontro de janeiro, acreditamos que não houve alterações significativas que justificassem uma alteração nessa expectativa de evolução apresentada na Ata da reunião, que manteria o aperto monetário necessário para que a inflação e as expectativas convirjam à meta de 3,0%. Contemplando essa trajetória, a estrutura a termo tem precificado uma taxa real de juros ex[1]ante para 1 ano muito próxima de 6,0% a.a., patamar contracionista que supera com folga a taxa neutra de 4,5% a.a. indicada pelo Banco Central.
No que tange à atividade doméstica também não houve maiores surpresas, mostrando-se estável no 2º semestre de 2023. Assim, manteve-se o cenário-base, mesmo que tenha ocorrido uma melhoria no cenário para o crescimento, a mediana das previsões para o avanço do PIB em 2024 subiu no período de 1,6% para 1,8%, e aproximando-se de 2,0%. Contudo, devem ser monitorados os desdobramentos futuros do aumento da renda das famílias, da elevação do salário-mínimo, dos benefícios sociais e do aquecimento do mercado de trabalho na dinâmica inflacionária
A trajetória da inflação corrente permanece em linha com as expectativas, seguindo o curso esperado de desinflação. Entretanto, há um fator adicional que deve-se acompanhar, ou melhor, a possibilidade de que ocorra ao longo do ano um repasse maior da deflação dos preços de atacado nos índices ao consumidor. As expectativas de inflação para 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus permaneceram em torno de 3,8% e 3,5%, respectivamente. O cenário de referência manteve[1]se muito próximo ao último utilizado, as movimentações na taxa de câmbio e na cotação do petróleo foram irrelevantes e foram mantidas a hipótese de bandeira tarifária “verde” em dezembro de 2024 e de 2025. Com isso, as projeções de inflação apontadas pelo Copom não deverão ser muito diferentes de 3,5% para 2024 e, principalmente, 3,2% para 2025
Boa leitura!