Desde a última reunião, o IPCA corrente elevou-se para 11,30% a.a. (12,0% a.a. no IPCA-15 de abril), continuando a mostrar um elevado grau de disseminação e persistência. O cenário para várias medidas importantes de inflação continuou bem negativo, como a de serviços, subjacentes e de núcleos, além dos bens industriais. Houve deterioração das expectativas no boletim Focus com a mediana da inflação pelo IPCA projetada para 2022 elevando-se de 5,65% para 7,65% e para 2023 de 3,51% para 4,00%. Apesar da desancoragem das expectativas no horizonte relevante para a política monetária e do balanço de riscos desfavorável, o cenário tende a ser amenizado com a perda de tração da atividade econômica como reflexo dos efeitos defasados da política monetária e dos eventuais desdobramentos do conflito no Leste Europeu, da desaceleração da atividade econômica na China e do ciclo mais agressivo de elevação da taxa de juros nos EUA. Da mesma forma, a elevação do nível de reservatórios deve viabilizar bandeiras tarifárias que amenizem a pressão nas tarifas de energia. Assim, ainda que o cenário se mantenha desafiador, há aspectos que alimentam a chance de que a inflação convirja à meta em 2023, entre eles as defasagens dos efeitos da política monetária e alguns sinais de uma reversão dos choques nas cotações das commodities. O nível da taxa de câmbio também ajudará, na medida em que não haja uma deterioração abrupta em sua trajetória. Desta forma, acreditamos que seja mais adequado o Copom seguir a sinalização de um aumento de apenas 100 pontos base na próxima reunião, elevando a taxa Selic para 12,75% a.a.
Boa leitura!