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Termômetro do Crédito – Pontos de atenção

Relativos a junho, o estoque de crédito mostrou crescimento condizente com o momento econômico favorável. O saldo de crédito ampliado ao setor não financeiro avançava em 12,7% a.a., já o Sistema Financeiro Nacional (SFN) em 17,8% a.a., taxa mais alta desde jul/12. A aceleração na margem de 0,9 p.p. adveio das operações com pessoas jurídicas (PJ) que saíram de 10,5% a.a. em mai/22 para 12,8% a.a., por causa das grandes empresas (GEs), já para as pessoas físicas (PF) houve redução de 21,8% a.a. em mai/22 para 21,5% a.a..

Contudo, há indícios de mudanças nas concessões. Em números dessazonalizados, elas caíram pelo 3º mês consecutivo. No acumulado em 12 meses (12m), a expansão alcançou 24,8% a.a. ante o pico de 27,4% a.a. em mar/22. Embora com maior intensidade nas modalidades com recursos direcionados (RD) que passaram de 58,9% a.a. em mar/21 para 1,7% a.a., as com recursos livres (RL) saíram de 30,4% a.a. em abr/22 para 28,1% a.a..

O aumento do apetite ao risco que está expresso no ganho de participação de modalidades para PF com maior retorno é um ponto de atenção. Em junho, o ritmo de crescimento era de 68,2% a.a. no cartão de crédito rotativo, de 55,5% a.a. no parcelado e de 30,9% a.a. no cheque especial. Respondendo a essa alteração, mas também ao ciclo de aperto monetário, a taxa média de juros das concessões com RL para PF alcançou 51,5% a.a., com alta de 6,5 p.p. no ano.

Assim, o endividamento das famílias se eleva, alcançando 52,8% em maio (46,8% em mai/21). O comprometimento da renda reduziu-se em -0,4 p.p. no ano, favorecido pela recuperação no mercado de trabalho. Porém, a perspectiva é de aumento na inadimplência, com o fim dos estímulos fiscais e os prováveis impactos do aumento da Selic. O indicador nas operações com RL para PF em 5,2% teve alta de 0,8 p.p no ano. Já para as Micro, Pequenas e Médias empresas (MPMes) aumentou apenas 0,2 p.p. no ano para 2,6%, já a proporção classificada entre “E” e “H” fechou em 6,9%, com alta de 0,5 p.p. no ano.

O relativo aumento desses percentuais vem se observando, mesmo com a grande expansão no volume de crédito. Dessa forma, uma mudança substancial no desempenho da economia certamente resultará em elevação do risco. Diante das incertezas do cenário, o Banco Central avalia como fundamental que se busque preservar a qualidade das concessões, mantendo a prudência em suas políticas de gestão de crédito e de capital.

Por fim, com o cenário positivo no ano, a Assessoria Econômica da ABBC acredita que a desaceleração do crescimento do estoque das operações de crédito seja gradual. Desse modo, revisou a sua projeção de crescimento da carteira em 2022 de 8,9% para 12,8%, composto por altas de 14,0% para RL (15,5% para PF e 12,5% para PJ) e de 6,9% para RD (11,0% para PF e 0,2% para PJ).

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