O abalo na confiança do setor bancário no exterior em março teve impacto muito limitado no mercado de crédito local. O crescimento do estoque dos empréstimos do sistema financeiro nacional (SFN) era de 12,0% a.a. (12,7% a.a. em fev/23 e de 16,6% a.a. em mar/22). Para o Banco Central, a desaceleração que está ocorrendo é compatível com o atual estágio do ciclo de política monetária, com um movimento mais acentuado nas modalidades de maior risco e retorno, particularmente nas linhas rotativas para pessoas físicas (PF). As concessões em 12 meses (12m) no cartão de crédito cresciam em 23,8% a.a. (26,6% a.a. em fev/23 e 36,8% a.a. em mar/22), patamar ainda bem elevado, acima dos 15,2% a.a. verificados antes da pandemia (fev/20).
Movimento semelhante ocorreu no segmento de maior risco das pessoas jurídicas (PJ), com o crédito para as Micro, Pequenas, Médias Empresas (MPME) avançando 11,7% a.a. (11,6% a.a. em fev/23, 16,5% a.a. em mar/22 e 5,9% a.a. em fev/20). No que tange à qualidade dos ativos, a inadimplência para MPME manteve-se em março em 3,6%, abaixo dos 3,8% em fev/20 e da média de 5,1% no período recessivo de 2015-2016. Pelo 4º mês consecutivo em queda, o endividamento das famílias em fevereiro era de 48,6%, nível historicamente elevado. Para as modalidades para PF com recursos livres (RL), o indicador ficou em 6,2%, com altas de 0,1 p.p. no mês e de 1,3 p.p. em 12m. Patamar que supera em 1,1 p.p. o de fev/20 e em 0,2 p.p. da média do período 2015-2016.
Por fim, com a não sinalização do início da redução da taxa de juros básica pela autoridade monetária, a Assessoria Econômica da ABBC mantém o crescimento do crédito para 2023 em 6,9%, com as modalidades para PF avançando 7,9% e as para PJ em 5,3%.
Boa leitura!