Apesar do impacto da greve dos servidores do Banco Central na divulgação dos indicadores, há levantamentos que indicam uma deterioração nas expectativas inflacionárias que coloca em xeque as últimas sinalizações da autoridade monetária. Ainda que contemple prêmios de risco nas negociações de títulos públicos, a inflação implícita no prazo de 1 ano cresceu 0,34 p.p. para 7,03% e a de 2 anos 0,26 p.p. para 6,74%. Os dados de atividade divulgados na semana pelo IBGE apresentaram resultados em sentidos opostos. De um lado, motivado pelas quedas nos serviços de informação e comunicação (-1,2%) e outros serviços (-0,9%), o desempenho do setor de serviços desapontou ao recuar -0,2% em fev/22 ante a revisão negativa de -0,1% para -1,8% do mês anterior. Já de outro, as vendas do comércio varejista surpreenderam positivamente ao crescer 1,1% 2,2% em fev/22, beneficiadas pela retomada da mobilidade urbana e pelo aumento das vendas dos combustíveis e veículos. Ademais, iniciando a captura dos efeitos da Guerra no Leste Europeu, o IGP-10 subiu 2,48% em abr/22, influenciado pelas elevações dos preços dos derivados do petróleo, especialmente dos combustíveis, que pressionam os preços no varejo e no atacado. O indicador sinalizou também o avanço dos preços de fertilizantes e adubos, o que pode trazer pressão adicional sobre os preços dos alimentos. No cenário externo, a perspectiva de aperto monetário mais agressivo nos EUA para combater a inflação, que teve alta de 1,2% em mar/22 pelo CPI (8,6% a.a.) e de 1,9% pelo PPI (11,2% a.a.), alavancou os prêmios/yields no mercado global. Com isso, o retorno das T-Notes de 10 anos seguiu em forte trajetória de alta, encerrando em 2,83% a.a., o que representou altas de 0,11 p.p. na semana e de 1,31 p.p. desde o fechamento de 2021. O dólar também ganhou força frente às principais divisas do globo, com o real praticamente estável (+0,05%) e o dólar cotado a R$ 4,70. O risco soberano brasileiro, medido pelo CDS de 5 anos, cresceu 4,35 bps. na semana para 219,60 bps.. Apesar dos lockdowns na China e da liberação de parte das reservas dos países membros da AIE, a cotação do barril de petróleo tipo Brent voltou a subir, com alta de 8,68% na semana para US$ 111,70. No mercado doméstico, além da persistência inflacionária e o cenário externo pesaram também para as elevações dos prêmios de risco as preocupações com a trajetória fiscal. Para essa semana serão destaques a divulgação da Arrecadação Federal (sem previsão de data), os Indicadores de atividade da China, Livro Bege nos EUA e inflação e atividade na Zona do Euro.
Boa leitura!