Face às vulnerabilidades da recuperação da atividade econômica e às dúvidas quanto aos impactos efetivos do fim do auxílio emergencial e de outras medidas de estímulo na inflação, acreditamos que o Copom deva momentaneamente manter a taxa básica de juros em 2,0% a.a., ou seja, em patamar altamente estimulativo. Contudo, a transição do horizonte temporal para a condução da política monetária para 2022 deve impor alterações na estratégia.
As razões fundamentais referem-se às projeções de inflação ajustadas à meta em prazos mais longos e aos temores com a sustentabilidade das contas públicas e, principalmente, seus reflexos na trajetória da taxa de câmbio. Receios que podem ser potencializados pelas incertezas sobre uma eventual manutenção de alguns programas emergenciais do governo e pela ausência de uma pauta crível de reformas estruturais. Ademais, merecem ser monitoradas as pressões advindas dos choques de inflação de curto prazo, assim como os efeitos do repasse cambial nos preços internos.