Em uma semana novamente marcada pelo aumento da aversão ao risco, manifestado na alta na rentabilidade das T-Notes e no preço do petróleo, o destaque ficou com a relativa frustação em relação à evolução dos indicadores da economia real. Com uma queda de -0,9% na margem, a taxa de expansão do volume de serviços acumulado em 12 meses saiu de 6,0% a.a. em jul/23 para 5,3% a.a., o que favorecerá o processo de convergência da inflação à meta.
Após 2 meses consecutivos em alta, o volume de atividade no varejo restrito voltou a recuar em agosto, saindo de uma elevação de 0,7% em jul/23 para uma retração de -0,2%, na série com ajuste sazonal. Já no conceito ampliado, que considera também as vendas de veículos, materiais para construção e atacadistas especializados, registrou também a 2ª queda na margem consecutiva, saindo de -0,4% em jul/23 para -1,3%.
Corroborando o cenário de uma desaceleração gradual, o índice de atividade econômica do Banco Central (IBC-Br) apresentou uma retração de -0,9% em agosto, um pouco acima da esperada. Como consequência, a variação anual do acumulado em 12 meses encerrou com uma alta de 2,8% a.a. ante 3,2% a.a. em jul/23 e o carrego estatístico para 2023 apontou uma expansão de 2,7%. A taxa real de juros ex-ante de 1 ano subiu 0,07 p.p. para 6,95% a.a., adentrando-se ainda mais no terreno contracionista quando comparada a taxa neutra de 4,5% a.a. calculada pelo Banco Central (BC).
Em outubro, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) da CNI registrou a 2ª queda mensal consecutiva, saindo de 51,9 em set/23 para 50,5 pts.. Aproximando-se dessa forma da linha divisória de 50 pts. que delimita a confiança dos empresários, e conjuntamente com os números da atividade e o aperto das condições financeiras, o indicador evidencia o freio no otimismo.
Com prováveis reduções nas próximas edições do Focus, o crescimento esperado para o PIB para 2023 passou de 2,92% para 2,90%, permanecendo em 1,50% para 2024. Já a mediana das projeções do IPCA em 2023 passou de 4,75% na semana anterior para 4,65%, sinalizando o cumprimento da meta nesse ano. Ademais, com o anúncio da redução nos preços da gasolina nas refinarias, a estimativa da inflação de outubro passou de 0,35% para 0,27%, a de novembro de 0,32% para 0,30% e a de dezembro de 0,52% para 0,51%. Resumindo, o cenário indica uma menor pressão na inflação via demanda, favorecendo a manutenção do ritmo de cortes na taxa Selic.
Nesse sentido, é importante monitorar a divulgação do IPCA-15 nesta semana e, principalmente, a composição dos índices qualitativos. Para esta semana, a atenção também deve estar voltada para as estatísticas do setor externo e do crédito, o resultado primário e as sondagens de confiança da FGV, além da prévia do PIB do 3T23 nos EUA e a reunião de política monetária do Banco Central Europeu.
Boa leitura!