Na semana, o destaque recaiu para as divulgações dos números relativos à inflação doméstica e o mercado de trabalho nos EUA. O IPCA de dezembro apresentou elevação de 0,52%, aquém dos 0,58% esperados, mas acumulando uma expansão de 4,83% em 2024, extrapolando o limite superior do intervalo de tolerância, de 4,50%. Nas motivações para o não cumprimento da meta, o Banco Central (BC) elencou: (i) o forte ritmo de crescimento da atividade econômica e maior abertura do hiato; (ii) a expressiva depreciação cambial; (iii) os efeitos climáticos sobre os alimentos; (iv) a inercia inflacionária de 2023 (+0,52 p.p.); e (v) a maior desancoragem das expectativas inflacionárias. Por sua vez, o desvio teria sido muito maior caso não ocorresse a queda do preço internacional do petróleo no 2º semestre, amortecendo o impacto da depreciação cambial.
Em termos prospectivos, o cenário mais recente denota o quadro bastante desafiador para a convergência da inflação à meta. Na pesquisa Focus, as projeções para o IPCA para 2025 se elevaram pela 13ª semana consecutiva, com a mediana passando de 4,99% para 5,00%. No horizonte relevante para a política monetária, o final do 2T26, a projeção para o IPCA acumulado em 12 meses aumentou de 4,36% em 03/01 para 4,41% em 10/01.
Da mesma forma, nos EUA, o payroll indicou que o mercado de trabalho se mantém resiliente, com o aumento nas gerações de vagas e crescimento dos salários, o que combinado à inflação distante da meta corroboram à perspectiva de que o espaço para uma flexibilização monetária nos EUA em 2025 está cada vez menor. O monitoramento da ferramenta FedWatch, do CME Group, apontava, na sexta (10/01), probabilidade de 96,8% de manutenção na Fed Fund na faixa atual de 4,25% e 4,50% na reunião de janeiro e de 75,5% para o encontro de março.
Na semana, as principais bolsas internacionais apresentaram perdas, com destaque para as quedas de -2,34% na Nasdaq e de -1,94% no S&P 500. O rendimento das T-Notes de 10 anos mostrou incremento de 0,17 p.p. para 4,77% a.a., enquanto o dólar se apreciou em 0,64% ante uma cesta de 6 moedas de países desenvolvidos. Se descolando dos mercados internacionais, os ativos domésticos mostraram uma melhora na percepção de risco, com elevações de 0,27% no Ibovespa, apreciação de 1,25% no real, para R$/US$ 6,11, recuo de -6,03 bps. no CDS, e uma queda de -0,14 p.p. na taxa real de juros ex-ante para 9,58% a.a., mas ainda em patamar fortemente contracionista.
Nos próximos dias, as atenções se voltam para os indicadores de atividade de novembro, que devem ajudar o mercado a ajustar as expectativas para o desempenho da economia no 4T24, após os dados decepcionantes do varejo e da indústria. Foco nos números do IBC-Br, Monitor do PIB e no setor de serviços, além do IGP-10 de janeiro. Lá fora, destaque para os números de inflação ao consumidor e ao produtor dos EUA, produção industrial e vendas no varejo, além do PIB, balança comercial, produção industrial e varejo na China e a inflação ao consumidor e indústria na Zona do Euro.