As dúvidas quanto à resiliência do sistema bancário internacional e a possibilidade de uma crise sistêmica aprofundaram a aversão ao risco, de modo que houve a redução do rendimento das treasuries, nas cotações das commodities e das moedas emergentes. As apostas majoritárias para o aumento do Fed Funds reduziram-se de 0,50 p.p. para 0,25 p.p., com a taxa situando-se no intervalo entre 4,75% e 5,00% a.a.. Aqui, o Copom deverá manter a Selic em 13,75% a.a., não só porque os movimentos nas premissas para o cálculo das projeções ainda não são relevantes, mas também porque o cenário futuro ainda não está claro o suficiente para a alteração das diretrizes na política monetária. Porém, em alguma medida, esse novo ambiente deverá constar na comunicação da decisão, não só no que tange ao balanço de riscos para a inflação e atividade, mas até quem sabe com a sinalização das condições para a antecipação da flexibilização. Apesar dos possíveis efeitos desinflacionários da crise financeira que se esboça e da desaceleração da atividade, as expectativas inflacionárias no Boletim Focus elevaram-se em 0,09 p.p. para 4,11% em 2024, 0,10 p.p. para 3,90% em 2025 e em 0,21 p.p. para 4,00% em 2026, contemplando a elevação da meta inflacionária para 4,00%. Não apontando a antecipação de eventuais cortes, o Boletim Focus ainda prevê o início da queda da Selic apenas em novembro que com 2 cortes de 0,50 p.p., terminaria 2023 em 12,75% a.a.. Os dados do mercado de trabalho da PNAD contínua de janeiro e a queda em termos reais do Índice de Varejo da Cielo em fevereiro ratificaram a percepção da perda de fôlego da atividade. Para esta semana, especial atenção para o detalhamento da proposta fiscal, IPCA-15 e o PMI da manufatura e serviços nos EUA e na Zona do Euro.
Boa leitura!