Para a semana que se adentra a maior expectativa recai sobre a votação da PEC da Transição e seu possível impacto nos prêmios de risco. O IPCA-15 de dezembro deve contribuir ao confirmar um cenário mais benigno para a inflação corrente. O apetite de risco será ainda impactado com os indícios do processo de desaceleração explícitos nos números do PIB do 3T22 e os dados sobre a construção civil nos EUA. Ao reduzir o ritmo do aumento de juros para 0,50 p.p., o Fed enfatizou a sua estratégia de manutenção dos juros em patamar suficientemente restritivo por um período prolongado até que a inflação retorne à meta de 2,0%, indicando que o horizonte para os cortes não está próximo. Os temores com uma recessão, reativados por essa mensagem, foram agravados com a frustração provocada por alguns dados da atividade. Com a maior aversão ao risco, na semana que se passou, o dólar ganhou força frente às moedas dos países emergentes, os retornos das T-Notes recuaram, as bolsas internacionais perderam valor e as cotações das commodities, especialmente as energéticas, caíram. O Copom reiterou que as políticas fiscal e parafiscal podem afetar a inflação não só por meio dos efeitos diretos na demanda agregada, mas também via preços de ativos, grau de incerteza na economia, expectativas de inflação e pelo aumento da taxa de juros neutra. Nos diferentes exercícios analisados, o Banco Central avaliou que o efeito final, seja sobre a inflação ou sobre a atividade, dependerá das combinações e magnitude dessas políticas. Em um ambiente em que o hiato do produto estaria reduzido, o impacto de estímulos significativos sobre a trajetória de inflação poderia se sobrepor aos almejados sobre a atividade. As incertezas locais e externas adicionaram volatilidade no período, levando à depreciação de 1,14% do real para R$/US$ 5,31 e o aumento dos prêmios na curva de juros. Com a provável dissipação do impacto positivo da reabertura das atividades, o setor de serviços exibe desde ago/22 uma desaceleração no seu ritmo de crescimento, de modo que em outubro houve queda de -0,6% no volume de serviços, na série com ajuste sazonal. Abaixo das expectativas de mercado de uma alta de 0,50%, o IBC-Br registrou uma ligeira queda de -0,05% no mesmo período. Por fim, a confiança do empresário industrial apresentou a 3ª queda mensal consecutiva, encerrando em 50,8 pts., com o sentimento quanto à economia brasileira indicando falta de confiança tanto nos últimos 6 meses quanto nos 6 seguintes.
Boa leitura!