Preocupações com os desdobramentos geopolíticos, lockdowns na China e, principalmente, com a mais nova sinalização de um ajuste mais agressivo na política monetária nos EUA para fazer com que a inflação convirja à meta, propiciaram um aumento na volatilidade e elevação nas taxas de juros. Com uma rapidez na mudança do teor na sua comunicação, o Federal Reserve já apontou uma elevação da taxa de juros em 0,5 p.p. na próxima reunião e anunciou um ritmo de redução dos seus ativos mais acelerado do que o verificado entre 2017-2019. Apesar da transparência da comunicação, o receio é de que a taxa terminal precificada não seja adequada (ao redor de 3%) para essa empreitada, sendo eventualmente necessário um ciclo de aperto mais intenso, com consequências negativas para a economia internacional. Com isso, o dólar encerrou com alta de 0,85% frente ao real, cotado a R$ 4,70, enquanto as T-Notes de 10 anos subiram 0,34 p.p. na semana para 2,72% a.a.. O IPCA de mar/22 com alta de 1,62% (11,30% no acumulado em 12 meses), ratificou os desafios da convergência da inflação às metas de 2023. A evolução desfavorável das medidas de núcleo e o caráter disseminado da inflação colocam em xeque a tese do pico da Selic em 12,75% a.a., além de aumentar a extensão do ciclo monetário em terreno contracionista. Com esse cenário, elevaram-se os prêmios de risco da curva de juros, sobretudo nas pontas intermediárias e longas. Impactada pelos gargalos nas cadeias de suprimentos globais, incidindo na escassez de componentes eletrônicos e fertilizantes, a produção total de veículos recuou -5,8% em mar/22. As vendas de novos veículos registraram quedas de -20,5% no 1T22 em relação ao 4T21 e de -7,3% frente ao 1T21. Pesam ainda para o resultado, a elevação dos juros e a alta inflação que tendem a conter a demanda interna. Ademais, refletindo as altas dos preços do diesel, commodities agrícolas e adubos, o IGP-DI apresentou alta de 2,67% em mar/22 (15,6% em 12 meses). Para a semana as atenções estão voltadas para a divulgação da PMC e PMS que podem ratificar o quadro de uma atividade mais favorável no 1T22. Por causa da greve no Banco Central, o IBC-Br não será divulgado. Atenção ainda para os indicadores de inflação e atividade na China e EUA, além da decisão de política monetária do BCE.
Boa leitura!