O grande evento da semana foi a quebra do Silicon Valley Bank (SVB) que se desdobrou em forte deterioração na aversão ao risco. Ainda que o cenário base é o de que não se tenha a materialização de um cenário de contágio, o evento é um alerta para a formação de um quadro de “dominância financeira”, como apregoou recente Claudio Borio no relatório do BIS. Por causa do elevado grau de endividamento dos agentes econômicos, o aperto da política monetária de combate à inflação é um risco à estabilidade financeira. Na semana, houve quedas de -4,7% na Nasdaq, de -4,5% no S&P 500 e de -4,4% no Dow Jones. Nesse cenário, a aposta majoritária para a elevação dos federal funds em março reduziu-se de 0,50 p.p. para 0,25 p.p.. Já o dólar ganhou força frente às moedas emergentes, embora na semana o real apresentasse uma depreciação de 0,31%, possivelmente com otimismo na proposta do novo arcabouço fiscal. O IPCA subiu 0,84% em fevereiro, superando a projeção do Boletim Focus de 0,78%, e variou de 5,77% a.a. em jan/23 para 5,60% a.a.. O processo de lenta desinflação é ratificado pelas medidas de núcleo e dessazonalizadas. Ajustando-se ao resultado de fevereiro, as expectativas inflacionárias no Boletim Focus de 2023 avançaram em 0,06 p.p. para 5,96%, enquanto houve manutenção nas de 2024 e 2025. Na semana, a curva de juros perdeu inclinação com as apostas de antecipação do ciclo de corte da meta Selic por causa do desaquecimento mais forte da atividade. Por fim, os dados do Caged de janeiro, os de veículos em fevereiro, o saldo da caderneta de poupança e a pesquisa de endividamento das famílias confirmam a visão de desaquecimento da atividade econômica e do mercado de trabalho.
Boa leitura!