Com aumento de 2,0% na margem em setembro, o estoque total de crédito crescia no ritmo de 16,0% a.a., representando 52,9% do PIB. O segmento para pessoas físicas (PF) que se move de forma mais acelerada (19,4% a.a.) avançou 1,9% no mês, enquanto o de pessoas jurídicas (PJ) cresceu 2,3% (11,6% a.a.). Em termos dessazonalizados, as concessões registraram alta de 3,1%, com aumento de 0,5% para PF e de 3,7% para PJ, apesar do aumento de 6,9% na modalidade capital de giro, em termos anualizados o estoque se reduzia ao ritmo de -20,8% a.a., corroborando o recente desempenho negativo da produção industrial. Para PF, é vigoroso o crescimento em termos anualizados dos novos empréstimos para aquisição de veículos (35,7% a.a.).
Acompanhando o processo de aperto monetário, a taxa média de juros das concessões apresentou alta de 3,2 p.p. no ano (3,8 p.p. para PJ e 2,6 p.p. para PF). Por sua vez, na mesma base o spread bruto aumentou apenas 0,1 p.p..
No que se refere à qualidade da carteira, o cenário ainda é confortável, o índice de inadimplência dos empréstimos para as micro, pequenas, médias empresas (MPME) apresentou aumento de 0,4 p.p. no ano, terminando em 2,5%, enquanto para as grandes empresas (GE) permaneceu com redução de -0,1 p.p. no ano. A evolução dos indicadores dependerá no médio prazo do impacto da provável desaceleração das concessões por causa da política monetária.
Com defasagem em relação aos dados de crédito, o endividamento total das famílias alcançou 59,2% da renda, com avanço de 9,1 p.p. em 12 meses (12m). Essa alavancagem em um quadro de redução da renda disponível, de desaquecimento da atividade e inflação corrente elevada é preocupante. Contudo, o comprometimento da renda ainda apresenta comportamento positivo, finalizando em 30,1% e retraindo-se -1,2 p.p. no ano. Nesse cenário desafiador, a projeção é de desaceleração do crescimento do crédito em 2021 para 13,2% e para 8,5% em 2022.