Apesar das reuniões de política monetária ratificarem os resultados aguardados e manterem a inflação como a principal preocupação, as sinalizações do Federal Reserve (Fed) e do Banco Central (BC) apresentaram diferenças importantes. Reagindo às ameaças à estabilidade financeira internacional, o Fed anunciou, como provável último ajuste, o aumento de 0,25 p.p. em sua taxa de referência, o que propiciou um alívio na contração das condições financeiras. Com isso, no monitoramento do CME Group, a probabilidade de manutenção da taxa dos fed funds, em maio, alcançou 89,8% na 6ª feira. Por aqui, embora a Selic tenha se mantido em 13,75% a.a., a mensagem acerca do balanço de riscos poderá redundar em uma direção contrária. Talvez até pela complexidade de incorporar o mercado de crédito nas modelagens, os efeitos da perda de dinamismo nas concessões de empréstimos e da menor preocupação com um hiato do produto mais estreito no balanço de riscos foram compensados pelo efeito da desancoragem das expectativas inflacionárias de longo prazo. Porém, o fato é que as externalidades negativas provocadas pelo mercado de crédito, com a evolução do endividamento e inadimplência das famílias e as ocorrências nas modalidades corporativas, e a crise bancária no exterior constituíram-se em um aperto monetário adicional. Evidenciando os entraves para a dinâmica inflacionária, a média móvel trimestral dessazonalizada e anualizada do IPCA-15 subiu de 6,0% a.a. em fev/23 para 7,1% a.a. em março. Para esta semana, a atenção estará certamente voltada para as tratativas do novo arcabouço fiscal e os dados do crédito, sem se esquecer da ata do Copom e o relatório de inflação do BC, a produção industrial, Pnad e o PIB dos EUA.
Boa leitura!