O crédito ofertado pelo Sistema Financeiro Nacional (SFN) apresenta uma trajetória compatível com a desaceleração da economia que está se esboçando. As concessões acumuladas em 12 meses (12m) saíram de uma expansão de 27,4% a.a. em mar/22 para 23,2% a.a. em outubro. No mês, o saldo das operações crescia em 15,8% a.a., -0,5 p.p. abaixo do verificado em out/21. No conceito ampliado, é relevante mencionar o papel exercido pelo mercado de capitais no segmento das grandes empresas (GE), como indicam as variações de 33,3% a.a. no total de dívida com títulos securitizados e de 25,0% a.a. no de privados. Com o maior acesso a esse canal, a expansão dos empréstimos para as GE no SFN era de apenas 5,1% a.a.. Com as novas operações do Pronampe e FGI-PEAC, os empréstimos para as micros, pequenas e médias empresas (MPME) avançavam em 14,3% a.a.. O avanço mais forte das linhas de maior risco persiste, de modo que a participação do crédito rotativo no total para as pessoas físicas (PF) aumentou de 22,8% em dez/20 para 26,3%. A materialização do risco pode se aprofundar com o arrefecimento da atividade, já se pode constatar um aumento em 12m de 2,6 p.p. na inadimplência do crédito não consignado, de 10,9 p.p. na do cartão rotativo, de 1,7 p.p. na do parcelado, de 2,3 p.p. na composição das dívidas e de 2,8 p.p. na do cheque especial. Em patamares elevados, o endividamento das famílias em relação à renda estava em 49,9% em setembro (+2,3 p.p. em 12m) e o comprometimento em 28,7% (+3,3 p.p. em 12m) é um fator de risco. No segmento para pessoas jurídicas (PJ), as MPME que são mais sensíveis ao ciclo dos negócios, a taxa de inadimplência dos empréstimos subiu 0,6 p.p. em 12 m e a proporção das operações classificadas com rating entre “E” e “H” aumentou em 0,8 p.p. em 12m. Com uma resiliência no mercado de crédito em 2022, a Assessoria Econômica da ABBC ajustou a sua projeção do crescimento do saldo de crédito para 15,1% (16,6% para PF e 11,5% para PJ). Para 2023, a estimativa é de 8,4% (8,9% para PF e 7,5% para PJ).
Boa leitura!