No aguardo de novidades acerca do novo arcabouço fiscal, a semana que se adentra tem a divulgação do IPCA de fevereiro como ponto importante para a avaliação da dinâmica inflacionária. Ainda que em níveis incompatíveis com as metas, espera-se uma desaceleração em termos mesmo nas medidas de núcleo e subjacentes. As estimativas para o mês são de 0,78% pelo Boletim Focus, enquanto a de 2023 permaneceu em 5,90% e de 2024 em 4,02%. Com base na cotação do swap DI prefixado de 360 dias e na inflação esperada para os próximos 12 meses, a taxa real de juros ex-ante finalizou a semana em 7,29% a.a., patamar ainda bem superior ao da taxa neutra de 4,00% a.a., indicado pelo Banco Central. Aliado ao processo lento de desinflação, a atividade vai reagindo negativamente à deterioração das condições financeiras e à dissipação do impacto da retomada das atividades presenciais, de modo que o PIB no 4T22 recuou -0,2% ante elevações de 1,3% no 1T22, de 0,9% no 2T22 e 0,3% no 3T22. A taxa de desemprego em 2022 acumulou uma queda de -3,2 p.p., encerrando em 7,9% da força de trabalho, com destaques para as elevações de 6,9% do emprego com carteira assinada e de 9,3% dos sem carteira. A perda de ímpeto nos últimos meses, juntamente com a baixa participação, sugere uma evolução menos positiva em 2023, alinhada com as projeções de crescimento da atividade econômica ao redor de 1,0%. No cenário externo, os dados mais positivos da atividade nos EUA e na China aumentam a pressão para um aperto monetário mais intenso, elevando os rendimentos das T-Notes. O dólar devolveu parte dos ganhos das semanas anteriores, depreciando-se tanto frente às moedas dos países desenvolvidos (-0,66%), quanto das dos emergentes (1,24%). Ainda nesta semana, ocorrerão as divulgações do IGP-DI, Caged, PIB da Zona do Euro e payroll nos EUA.
Boa leitura!