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Comportamento Semanal – Sem relação mecânica?

Houve na semana uma clara deterioração na percepção de risco dos investidores. Inicialmente, reagindo à surpresa negativa com a inflação ao consumidor (CPI) nos EUA que empurrou definitivamente para o 2º semestre o início da flexibilização monetária e reduziu os preços dos Treasuries. Posteriormente, a possibilidade de um novo conflito bélico no Oriente Médio estabeleceu uma corrida por segurança que levou a uma ligeira reversão nesse movimento. Com a maior aversão ao risco, os índices das bolsas de Nova York apresentaram perdas na semana e o dólar ganhou força no mercado de câmbio internacional. Acompanhando o aumento das tensões no Oriente Médio, o real se depreciou em -1,02%, com o US$ fechando o período cotado a R$ 5,12, pressionado também pelo vencimento de US$ 3,8 bilhões de NTN-As. Hoje, o Banco Central (BC) deu início à rolagem de US$ 15,5 bilhões de swaps cambiais com vencimento em 01/07/24. Mesmo com a mudança do forward guidance da política monetária pelo BC, a mediana das projeções para a taxa Selic em 05/04 para a reunião de junho continuou precificando um corte de -0,50 p.p.. Apesar de não existir uma relação mecânica entre esses acontecimentos e as escolhas futuras de política monetária do BC, é provável que com a recente deterioração do cenário externo a taxa terminal de 2024 aumente em relação aos atuais 9,00% a.a.. Espelhando na plenitude o movimento observado no exterior, houve na semana uma elevação nos prêmios de risco na curva futura de juros. Em 05/04, com uma inflação para os próximos 12 meses suavizada de 3,50% no Boletim Focus e a taxa prefixada de 1 ano em 9,96% a.a., a taxa real de juros ex-ante era de 6,25% a.a. (5,95% a.a. em 29/12), adentrando-se ainda mais em patamar contracionista. No que tange aos aspectos qualitativos do IPCA, vários indicadores se comportaram de forma favorável em março. A média anualizada dos 5 núcleos acompanhados pelo BC passou de 4,01% a.a. em fev/24 para 3,79% a.a.. As medidas de inflação subjacentes para a alimentação no domicílio saíram de 1,54% a.a. para 1,57% a.a. e a de bens industriais de 2,12% a.a. para 1,62% a.a.. A exceção ficou com a de serviços que subiu de 4,89% a.a. para 4,99% a.a.. No 1T24, o Índice de Commodities do BC (IC-Br) aumentou 7,8%, influenciado pelo componente da agropecuária que teve uma alta de 8,7%. Se a trajetória dos preços dos serviços merece atenção, o setor vem apresentando desaceleração, saindo no acumulado de 12 meses de uma taxa de 2,3% a.a. em jan/24 para 2,2% a.a. em fevereiro (7,7% a.a. em fev/23). Por fim, reagindo a um conjunto de medidas do governo e às melhores condições na oferta de crédito, o volume do varejo restrito acumulado em 12 meses encerrou fevereiro em 2,3% a.a. ante 1,8% a.a. em jan/24 (1,3% a.a. em fev/23), enquanto o ampliado acelerou de 2,9% a.a. para 3,6% a.a. (-0,5% a.a. em fev/23). Além dos desdobramentos das questões geopolíticas, a agenda semanal traz os dados de atividade de março nos EUA, como varejo e indústria, que devem ratificar o entendimento de que a economia se mantém aquecida, suportada por um mercado de trabalho ainda robusto, colocando pressão na política monetária. Deve-se, ainda, monitorar o resultado do PIB da China no 1T24. Internamente, o foco está no IBC-Br para calibrar as expectativas para o desempenho do PIB no 1T24, após o varejo se mostrar robusto em março, e a indústria e os serviços indicarem uma performance menos favorável.

Boa leitura!

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