De forma unânime, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de juros em 0,25 p.p. para 10,75% a.a., entendendo a decisão como compatível com a convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante e a necessidade de uma política monetária mais contracionista. Ademais, não se comprometeu com o ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e nem com a magnitude total do ciclo, que em última instância dependerão da dinâmica da inflação. Como novidade, o Copom diagnosticou que: (i) há uma assimetria de alta no balanço de riscos para a inflação; e (ii) o hiato do produto tornou-se positivo.
Utilizando a trajetória da Selic da pesquisa Focus, que precificava uma alta de 1,0 p.p. até janeiro, o cenário de referência do Copom indicava uma inflação de 3,5%, o que sugere um aperto monetário adicional para que a inflação convergisse à meta de 3,0%, não só em relação à magnitude, mas também à sua extensão. Por que, então, o aumento da taxa básica de juros não foi maior? A resposta a esse questionamento pode ser detalhada nas divulgações da ata da reunião e do Relatório Trimestral de Inflação (RTI).
Assim, como apregoado pelo Copom, a trajetória da Selic prevista pelo mercado foi revista, de modo que a taxa real de juros ex-ante registrou uma alta de 0,31 p.p. na semana, alcançando 7,68% a.a.. Patamar ainda mais contracionista e bem acima dos 4,75% a.a. considerado como neutro pelo Banco Central (BC).
O Federal Reserve (Fed) iniciou o seu ciclo de afrouxamento monetário com um corte agressivo de -0,50 p.p. na taxa básica de juros. Contudo, com o receio de que a decisão seja interpretada como prematura em relação ao seu mandato pela estabilidade de preços, o Fed afirmou que não há urgência no processo de flexibilização e na necessidade de manutenção do ritmo de corte nas próximas decisões de política monetária. Com esses elementos influindo na trajetória dos Fed Funds, a ferramenta do CME Group, em 20/09, apontava 50,4% de chances de uma queda de -0,50 p.p. e de 49,6% de -0,25 p.p. em novembro. Na semana, houve elevação no rendimento dos treasuries nos vencimentos mais longos, de modo que a taxa do Treasury de 10 anos subiu 0,07 p.p. para fechar o período em 3,73% a.a..
Ainda na semana que se adentra, as atenções voltar-se-ão ao detalhamento do relatório de receitas e despesas do 4º bimestre no qual houve o bloqueio de R$ 2,1 bilhões em despesas em 2024 para cumprir o arcabouço fiscal e ocorreu a liberação de R$ 3,8 bilhões que estavam contingenciados. Serão divulgados, ainda, o IPCA-15 de setembro, números do setor externo, de emprego e o resultado do governo central em agosto. Nos EUA, enfoque nas séries de discursos de membros do Fed, deflator de gastos pessoais (PCE) de agosto, prévias de setembro do índice PMI (indústria e serviços), leitura final do PIB do 2T24, indicadores de confiança dos consumidores e do setor imobiliário. Na Zona do Euro saem a prévia do PMI e a leitura final da confiança do consumidor em setembro.
Boa leitura!