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Comportamento Semanal – Refluxo no pessimismo

Após um início de semana com forte volatilidade provocada pelo recrudescimento dos receios com uma eventual recessão nos EUA, forte valorização do iene e piora da crise no Oriente Médio, o período se encerrou com um viés mais positivo e, no caso brasileiro, com fortes ganhos para os mercados acionário e cambial.  Esse refluxo no pessimismo somou-se à perspectiva de um maior diferencial entre o juro doméstico e internacional, com a conjugação da Selic no nível atual por um tempo mais prolongado e o início da flexibilização monetária nos EUA, levando à apreciação de 3,83% do real ante o dólar.

Adicionalmente, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou o tom na Ata, assinalando que não hesitaria, se necessário, em elevar a taxa básica de juros para assegurar a convergência da inflação à meta. Dentre os elementos que justificariam essa postura, enumerou o nível da atividade e o mercado de trabalho mais aquecidos do que se esperavam. Reiterou as suas preocupações com o comportamento dos gastos públicos e a sustentabilidade do arcabouço fiscal e seus impactos relevantes na precificação de ativos, depreciação cambial e na ampliação da desancoragem das expectativas.

Traçando uma deterioração no cenário benigno da inflação corrente, o IPCA de julho subiu acima do previsto, elevando a taxa para 4,50% a.a., no teto da meta. Ademais, mostrou uma piora nos dados qualitativos, inclusive nas principais métricas subjacentes e medidas de núcleos do Banco Central (BC). Com os primeiros impactos altista da depreciação cambial, o IGP-DI subiu 0,83% em julho, para 4,16% a.a..

No Boletim Focus, a mediana das projeções para o IPCA de 2025 reduziu-se na semana de 3,98% para 3,97%. Contemplando a manutenção do atual patamar da Selic até junho de 2025, o ciclo de cortes retomaria apenas em julho, com a taxa encerrando o ano em 9,75% a.a. (9,50% há 4 semanas).

Neste cenário, houve um aumento nos prêmios nos vértices curtos e intermediários no mercado futuro de juros. A taxa real de juros ex-ante subiu 0,30 p.p. na semana, para 7,37% a.a., adentrando-se ainda mais em território contracionista, considerando a taxa neutra de 4,75% estimada pelo BC.

No que tange à expectativa de política monetária nos EUA, com a dissipação dos temores de recessão, que havia levado à precificação de 92,5% de chance de corte de -0,50 p.p. para a reunião de setembro, houve um realinhamento de expectativas, em função de bons números no setor de serviços e de pedidos por seguro-desemprego, com o mercado voltando a dividir as apostas entre um corte de -0,25 p.p. e -0,50 p.p..

Para a semana que se adentra, a divulgação de indicadores de inflação e atividade nos EUA ajudará a moldar as expectativas sobre o cronograma para o ciclo de relaxamento monetário. As atenções se voltam para a inflação ao consumidor, vendas no varejo e produção industrial de julho nos EUA, além de PIB e produção industrial na Zona do Euro e vendas no varejo e indústria na China. Domesticamente, ênfase nos números de serviços, comércio, IBC-Br e monitor do PIB, todos de junho, e o IGP-10 de agosto.

Boa leitura!

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