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Comportamento Semanal – Recalibragens 

Em março, o Comitê de Política Monetária (Copom) alterou o seu forward guidance, ao sinalizar um corte de -0,5 p.p. na taxa Selic para a próxima reunião, mesmo assim seria condicional, ou melhor só ocorreria na confirmação do seu cenário base. Diante de uma conjuntura de maior incerteza e com base em declarações de membros do Copom, houve uma recalibragem na aposta de um grupo significativo de analistas para uma queda de apenas -0,25 p.p. em maio. Contudo, a questão que se deve analisar é se o cenário atual será sustentável ou apenas refletiu um movimento circunstancial de aumento de volatilidade. A evolução da dinâmica cambial será o melhor termômetro para essa avaliação. Modelos aplicados por economistas do FGV Ibre sugerem que 65% da depreciação do real em 2024 deveu-se a fatores externos. Portanto serão eles que deverão ser monitorados. Além das tensões geopolíticas, o componente internacional tem sido explicado pela elevação dos juros longos nos EUA, valorização do dólar e as apostas majoritárias para o início da flexibilização monetária para apenas o 2º semestre. Neste sentido, é importante entender se a forte valorização do dólar será mantida e capaz de elevar de forma significativa as expectativas inflacionárias. Até então, os sinais não são claros, o cenário inflacionário de curto prazo continua benigno e a sustentação da piora nas condições financeiras globais tenderá a desacelerar a atividade. Lembrando, ainda, que a taxa real de juros ex-ante se distancia cada vez mais dos 4,50% a.a. considerado como a taxa neutra pelo Banco Central (BC). De acordo com o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO), a meta de superávit primário para 2025 passou de 0,5% do PIB para 0,00%. Para 2026, alterou de 1,0% para 0,25%, subindo para 0,5% em 2027 e 1,0% em 2028. Momentaneamente, a oficialização da redução da meta fiscal estabelecida no PLDO não se refletirá nas projeções do Boletim Focus, de modo que o déficit primário em relação ao PIB para 2024 tende a continuar em nível próximo a -0,70% para 2024, -0,60% para 2025 e em -0,50% para 2026, a conferir. Ademais, a inflação no atacado segue mais comportada, com o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) da FGV apresentando uma queda de -0,56% em abril e de -6,40% a.a. em 12 meses. No acumulado de 12 meses, o índice de atividade do BC (IBC-Br) acumulou uma alta de 2,3% a.a. em fevereiro, ante 2,4% a.a. em jan/24. Em termos prospectivos, espera-se a dissipação dos impactos do pagamento de precatórios, da política de reajuste do salário mínimo e o adiantamento do pagamento do abono salarial na demanda interna, que tende a continuar sendo alavancada pelo mercado de trabalho aquecido, aumento da massa salarial e pelos efeitos do afrouxamento da política monetária. Por fim, após recuar por 4 meses consecutivos, a Intenção de Consumo das Famílias (ICF), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), exibiu em abril uma alta na margem de 0,4% na série com ajuste sazonal. Nesta semana, as atenções se voltarão para as divulgações da 1ª prévia do PIB no 1T24 e para o deflator dos gastos de consumo pessoal (PCE) nos EUA, que deverão ajudar a interpretar a trajetória futura da política monetária a ser conduzida pelos Fed. Localmente, destaque fundamental para a divulgação do IPCA-15 de abril. Atenção também para a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), os dados da arrecadação federal, as sondagens de confiança do consumidor, construção e indústria, além do PMI manufatura nos EUA e Zona do Euro, confiança do consumidor na Zona do Euro e as vendas de casas novas e pedidos de bens duráveis nos EUA.

Boa leitura!

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