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Comportamento Semanal – Overshooting?

Mesmo com a divulgação de decreto detalhando os comandos para a implementação da meta de inflação contínua em 3,00%, com o tom duro na comunicação do Banco Central (BC) e a forte elevação da taxa de juros real, as expectativas inflacionárias continuaram se deteriorando, de modo que a projeção para 2025 subiu na semana de 3,85% para 3,87%. No IPCA-15 de junho, e ainda acima da meta de 3,00%, a média dos 5 núcleos acompanhados pelo BC reduziu-se de 3,50% a.a. em mai/24 para 3,49% a.a. e as medidas subjacentes de serviços de 4,79% a.a. para 4,62% a.a.. Contudo, o aumento da desancoragem parece estar estreitamente relacionado com um eventual processo de “overshooting” que está ocorrendo na taxa de câmbio, sendo motivado pelo efeito das incertezas fiscais e do fortalecimento do dólar nos mercados globais nos prêmios de riscos dos ativos locais. Há uma evidente perda de credibilidade traduzida em um descolamento do comportamento do real em relação a um conjunto de moedas emergentes, um movimento preocupante e destoante da trajetória confortável das contas externas. Em junho, a perda de valor do real em relação ao dólar foi de 6,64%, mesmo com um fluxo cambial positivo de US$ 4,7 bilhões. Com essa tendência, as projeções para taxa de câmbio para o final de 2024 subiram em 4 semanas de R$/US$ 5,05 para R$/US$ 5,20. Procurando recuperar a reputação, o Comitê de Política Monetária (Copom) ratificou o cenário prospectivo de inflação mais desafiador e reiterou que deverá perseguir a reancoragem das expectativas, valendo-se de uma política monetária mais contracionista e cautelosa. Corroborando esse diagnóstico, a taxa real de juros ex-ante subiu 0,27 p.p. na semana para 7,31% a.a., entrando ainda mais em patamar contracionista, ainda que o BC tenha elevado a sua estimativa da taxa neutra de 4,50% a.a. para 4,75% a.a.. Com desaceleração em relação a criação líquida de 239.201 vagas em abr/24, o Novo Caged registrou a abertura de 131.811 vagas de trabalho em maio, número abaixo da estimativa de 200.000 vagas. No total acumulado em 12 meses, houve um recuo de -1,4% em relação a abr/24 e de -6,2% em relação a mai/23. Considerando-se o trimestre findo em maio, a Pnad reportou uma taxa de desemprego de 7,1% (8,3% em mai/23), com a população ocupada alcançando novo recorde histórico e a renda real habitual apresentando altas de 1,0% no trimestre e de 5,6% a.a.. Prosseguem as incertezas quanto à condução fiscal e o endividamento público, afetando o prêmio de riscos dos ativos domésticos. Ainda que a arrecadação siga surpreendendo positivamente, refletindo a maior tração na atividade e consumo, aumento da massa salarial e as mudanças na legislação, o superávit primário acumulado em 12 meses aumentou de 2,4% do PIB em abr/24 para 2,5% em maio, alimentando as suspeições sobre a possibilidade de cumprimento da meta de déficit primário para 2024. Para esta semana, destaques para as divulgações da produção industrial e dados do setor automotivo que poderão dar a dimensão do impacto da calamidade no Rio Grande do Sul (RS) setor de veículos, além da balança comercial. No exterior, a atenção estará voltada para o PMI serviços na China, Zona do Euro e EUA, inflação ao consumidor na Zona do Euro, vendas varejo Zona do Euro, dados do mercado de trabalho nos EUA e a ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed)

Boa leitura!

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