Com uma maior aceitação pelo mercado dos compromissos assumidos pelo governo com a responsabilidade fiscal e monetária e os indícios de perda de intensidade da atividade e do mercado de trabalho nos EUA, houve na semana uma redução nos prêmios de riscos embutidos na precificação dos ativos. Consequentemente, o dólar fechou o a semana cotado a R$ 5,46. Apreciando-se 2,39% no período, o real teve um desempenho superior ao do índice que calcula a variação de uma cesta de moedas de países emergentes que subiu apenas 0,48%. A taxa real de juros ex[1]ante acumulou uma retração de -0,21 p.p. para 7,09% a.a., ainda em patamar contracionista quando comparado com o 4,75% a.a. considerado como neutro pelo Banco Central (BC). O Ibovespa subiu 1,91%, voltando para o patamar dos 126 mil pts. e o risco soberano, medido pela cotação do CDS de 5 anos, caiu -12,56 bps. para 157,87 bps.. Todavia, a ampliação da desancoragem das expectativas inflacionárias no Boletim Focus persistiu. Incluída no horizonte relevante para a política monetária, a projeção do IPCA para 2025 elevou-se de 3,87% para 3,88%. Mesmo com a redução nos prêmios de risco, a taxa implícita de inflação para o prazo de 1 ano no mercado de títulos públicos era de 4,25%, de 4,69% para 2 anos e de 4,98% para 3 anos. A variação anualizada do índice de preços ao consumidor (IPC) no Índice Geral de Preços – Disponibilidade interna (IGP-Di) da FGV subiu de 3,30% a.a. em mai/23 para 3,63% a.a.. Assim, a divulgação do IPCA de junho nesta semana, ajudará na interpretação da evolução dos dados qualitativos, como os núcleos acompanhados pelo BC e as medidas de inflação subjacente, em especial a de serviços. Contemplando os impactos diretos e indiretos da calamidade pública no Rio Grande do Sul (RS), principalmente no segmento de veículos e produtos alimentícios, a produção industrial registrou uma queda de -0,92% em maio, deixando um carrego estatístico de – 0,72% para o 2T24. Na semana serão divulgadas as pesquisas de serviços e comércio que ajudarão a entender os impactos dos desastres no RS. Ratificando o bom momento das contas externas, o saldo acumulado em 12 meses da balança comercial era de US$ 96,60 bilhões em junho. Ademais, no Boletim Focus de 05/07, as projeções para 2024 eram de um superávit de US$ 82,00 bilhões. Reiterando a necessidade de cautela para o início da flexibilização monetária nos EUA, o Payroll mostrou que o mercado de trabalho continua aquecido. Foram criadas 206 mil vagas líquidas em junho, superando as expectativas de mercado. Porém, a taxa de desemprego subiu de 4,0% em mai/24 para 4,1% e o crescimento mensal do salário por hora trabalhada desacelerou de 0,4 % para 0,3%. Adicionalmente, os dados da atividade econômica mostraram alguns indícios de perda de força na atividade. Assim, a semana encerrou com um crescimento nas apostas de que o Federal Reserve (Fed) inicie mais cedo o ciclo de cortes na taxa básica de juros. No dia 05/07, a ferramenta FedWatch do CME Group apontava uma probabilidade de 72,2% de um corte de -0,25 p.p. na reunião de setembro ante 59,8% no dia 01/07. Como desdobramento, houve uma queda de -0,08 p.p. para 4,28% a.a. no Treasury de 10 anos. A atenção na semana estará voltada para os números das inflações no atacado e no varejo nos EUA, que poderão ajudar na avaliação dos próximos passos do Fed. Contribuirão, ainda, as divulgações do índice de confiança do consumidor e das projeções inflacionárias apurados pela Universidade de Michigan
Boa leitura!