Diante da deterioração do balanço de riscos para a dinâmica inflacionária, o Comitê de Política Monetária (Copom) interrompeu o processo de flexibilização monetária, decidindo de forma unânime manter a Meta Selic em 10,50% a.a.. Assinalando que a Selic deverá se manter em patamar elevado por tempo suficiente para que a inflação e suas expectativas voltem para perto da meta e procurando recuperar a credibilidade em sua comunicação, o Copom voltou a apresentar o cenário alternativo, no qual a taxa se mantém constante ao longo do horizonte relevante. Dessa forma, a sua projeção situou-se em 3,1% para 2025, nível próximo à meta. Assim, de momento descartou-se eventuais elevações. Ademais, o Boletim Focus sinalizou para apenas março de 2025 a retomada da queda na taxa básica de juros. Apesar da ampla aceitação da decisão pelo mercado, o processo de ancoragem das expectativas deverá ser longo, árduo e dependente de uma evolução favorável de muitas variáveis. Na semana que se passou, a mediana das estimativas para o IPCA de 2025 passou de 3,80% para 3,85%. No mercado futuro de juros, a taxa de juros ex-ante manteve-se em 7,03% a.a., patamar significativamente contracionista quando comparado com os 4,5% considerados como neutro pelo Banco Central (BC). O cenário internacional poderia contribuir no caso de um afrouxamento monetário pelo Federal Reserve (Fed). Entretanto, os recentes dados divulgados não asseguraram a perda de ímpeto da economia e a diminuição das pressões inflacionárias nos EUA, condições necessárias para o início desse processo. Na semana, recrudesceram as apostas em torno de uma postura conservadora da autoridade monetária, com a chance de um corte de – 0,25 p.p. em setembro recuando de 62,0% em 14/06 para 59,5% em 21/06. Reforçando a leitura de perda de tração da atividade doméstica, o Monitor do PIB da FGV recuou em -0,1% em abril. As contas externas continuaram apresentando uma trajetória confortável, com o Investimento Direto no país (IDP) superando o déficit em conta corrente. No acumulado em 12 meses, as transações correntes apresentaram um saldo negativo de US$ -40,15 bilhões (1,79% do PIB), ante US$ -45,28 bilhões em mai/23 (2,24% do PIB), enquanto o IDP somou US$ 66,00 bilhões (2,95% do PIB), ante US$ 68,32 bilhões em mai/23 (3,38% do PIB). Na semana que se adentra, as atenções se concentram no detalhamento do cenário do BC para a inflação e atividade na ata do Copom e no Relatório Trimestral de Inflação. Principalmente no que tange a alguns parâmetros como a taxa de juros neutra, hiato do produto, crescimento do produto potencial e às projeções para expansão da economia. Apesar da elevação nos prêmios de risco, as estimativas das contas fiscais no Boletim Focus não apresentaram alterações relevantes. Na divulgação das estatísticas das contas públicas pelo BC referentes a maio, o quadro não deverá ser muito diferente. Importantes fatores para o balanço de risco da inflação, ocorrerá a divulgação do IPCA-15 de junho, as estatísticas fiscais e os dados de emprego para maio (Caged e Pnad). No exterior, o foco recai no deflator de gastos com consumo (PCE) dos EUA, além da renda e gastos pessoais, leitura final do PIB no 1T24, confiança do consumidor e dados do setor imobiliário
Boa leitura!