Em seu discurso no Senado, Jerome Powell não trouxe grandes novidades quanto à condução da política monetária, ratificando as mensagens cautelosas dos demais membros do colegiado do Federal Reserve (Fed), o entendimento de que as taxas de juros estejam no seu pico e os cortes muito provavelmente começarão ainda em 2024. Com isso, a aposta majoritária de que o processo seja iniciado em junho ganhou mais força. Na semana, pesou no sentimento dos investidores o aumento na taxa de desemprego, a revisão baixista na criação de vagas e a moderação nos ganhos salariais, levando a uma queda de -0,10 p.p. no retorno do título soberano de 10 anos para 4,09% a.a.. Reagindo à diminuição nas taxas de juros, o dólar perdeu força no mercado de câmbio internacional, contudo descolando-se desse movimento, o real depreciou-se. Já a curva das taxas futuras de juros apresentou um aumento na inclinação, com as quedas nos vértices mais curtos, respondendo ao movimento do exterior, e as elevações nos mais longos, refletindo o aumento nos prêmios de riscos internos. No Boletim Focus de 01/03, a taxa real de juros ex-ante era de 6,04% a.a., patamar contracionista quando comparado com a taxa neutra de 4,5% a.a. estimada pelo Banco Central. Como aguardado, a mediana das previsões para o crescimento do PIB aproxima-se de 2,0%, elevando-se de 1,75% na semana fechada em 23/02 para 1,77% (1,60% há 4 semanas). A política monetária contracionista segue impactando a atividade. Após 2 altas mensais consecutivas, a produção industrial apresentou uma queda de -1,62% em janeiro, na série dessazonalizada. O saldo da caderneta de poupança apresentou um resultado líquido de R$ -3,8 bilhões em fevereiro, após uma saída líquida de R$ -20,1 bilhões em jan/24. As contas externas continuam mostrando uma performance positiva, de modo que o déficit em conta corrente acumulado em 12 meses em janeiro era de US$ -24,7 bilhões, – 13,6% abaixo de dez/23 e de -50,5% em relação a jan/23. Apesar da manutenção dos temores com a dinâmica fiscal e a desconfiança sobre o cumprimento da meta primária zero, o resultado primário surpreendeu positivamente em janeiro, com um superávit de R$ 102,1 bilhões. Para esta semana, destaques para as divulgações do IPCA, das pesquisas de comércio e serviços, dos dados do Caged que poderão confirmar ou não os receios com a recente dinâmica negativa nos preços de serviços e dimensionar a recuperação da atividade no início de 2024. De forma similar, aguarda-se com atenção os indicadores das inflações ao consumidor (CPI) e produtor (PPI) nos EUA, o índice de confiança do consumidor da Universidade de Michigan e a produção industrial na Zona do Euro.
Boa leitura!