A não unanimidade na decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de não seguir o forward guidance da reunião de março e, dessa forma, reduzir o ritmo de baixa da Selic para -0,25 p.p. produziu ruídos entre os analistas e alimentou as incertezas. Entretanto, espera[1]se uma redução, com a divergência estabelecida sendo justificada na Ata da reunião e a explicitação das ponderações para os votos por uma queda de -0,50 p.p.. Eliminando o forward guidance, o Copom enfatizou que a extensão e a adequação de ajustes futuros serão ditados pelo compromisso com a meta inflacionária. Assim, as próximas decisões estarão fundamentalmente direcionadas pela evolução do balanço de riscos. Com a significativa depreciação do real entre os encontros, as projeções de inflação no cenário de referência do Copom aumentaram de 3,2% para 3,3% para 2025, horizonte relevante para a política monetária. No Boletim Focus, a mediana das estimativas do IPCA para 2025 ampliou-se de 3,64% para 3,66% (3,56% há 1 mês). Entretanto, a inflação corrente manteve-se em desaceleração, saindo de 3,93% a.a. em mar/24 para 3,69% a.a. em abril. A média móvel trimestral (MM3) dessazonalizada e anualizada do IPCA reduziu-se de 3,88% a.a. em mar/24 para 2,62% a.a. e o mesmo indicador para a média dos 5 núcleos acompanhados pelo Banco Central (BC) saiu de 3,49% a.a. em mar/24 para 2,95% a.a.. Adicionalmente, o boletim passou a projetar 3 reduções adicionais de mesma magnitude em 2024. Como consequência, a mediana para Selic para o final do ano elevou-se de 9,63% a.a. em 03/05 para 9,75% a.a. em 10/05 (9,13% a.a. há 1 mês). Com isso, houve um aumento nos prêmios nos mercados futuros de juros e na inclinação da curva, com a taxa real de juros ex-ante subindo de 6,33% a.a. no fechamento da semana anterior para 6,51% a.a., adentrando-se ainda mais em patamar contracionista, considerando-se a taxa neutra estimada pelo BC de 4,50% a.a.. No que tange à expectativa da política monetária nos EUA, grande catalisadora da volatilidade de mercado, os indicadores da semana apresentaram sinais contraditórios com a deterioração no sentimento do consumidor e expressiva elevação nos pedidos de seguro desemprego sendo compensados pela elevação das projeções para a inflação de curto e médio prazo. Apesar de declarações mais conservadoras de alguns membros do Federal Reserve (Fed), até especulando uma eventual elevação na taxa básica de juros, as apostas de mercado vão se consolidando entre 1 ou 2 cortes em 2024. Na sexta-feira (10/04), a ferramenta FedWatch do CME Group apontava uma probabilidade de 49,8% de que o 1º corte de -0,25 p.p. ocorra na reunião de setembro. O real depreciou-se em 1,67% na semana, com o dólar encerrando cotado a R$ 5,16. Contudo, a manutenção do fluxo cambial positivo, com a entrada líquida de US$ 5,77 bilhões no acumulado do ano e o início do ciclo de flexibilização monetária nos EUA deverão favorecer o real até o final do ano. No boletim Focus, as projeções para a taxa câmbio ao final do ano ficaram em R$/US$ 5,00 para 2024, R$/US$ 5,05 para 2025 e R$/US$ 5,10 para 2026 e 2027. Para esta semana, destaques para as divulgações do IGP-10, PMS, IBC-Br, monitor do PIB da FGV, além do PIB, produção industrial e CPI na Zona do Euro, das vendas no varejo e produção industrial chinesa e do CPI, PPI, produção industrial, vendas no varejo e construção de casas novas nos EUA.
Boa leitura!