Sob o impacto da recalibragem das perspectivas em relação à trajetória da política monetária nos EUA, a última Pesquisa Focus revisou as suas projeções para a Meta Selic, desconsiderando o forward guidance da reunião de março, projetando uma redução de – 0,25 p.p., ao invés do -0,50 p.p. sinalizado e alinhando-se a precificação do mercado futuro de juros. Paralelamente, as estimativas do IPCA para 2025, mais relevantes para o horizonte da meta, deterioraram-se de 3,60% para 3,64% (3,53% há 4 semanas). Porém, se faz a necessária cautela e serenidade na avaliação dos mecanismos de transmissão da conjuntura externa sobre a dinâmica inflacionária, separando as mudanças estruturais dos aspectos circunstanciais. Apesar da adversidade no cenário e da desancoragem das expectativas inflacionárias, haveria condições para o cumprimento do forward guidance, evitando um mau entendimento que prejudicasse a credibilidade neste instrumento. A sustentação não teria impacto significativo na curva de juros, manteria a política monetária em patamar contracionista e poderia ser combinada com a alteração na comunicação. Ao atenuar a volatilidade, essa decisão implicaria também a na suavização das flutuações do nível de atividade econômica. À espera da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), houve uma série de fatores positivos que mitigaram os impactos da recente deterioração na avaliação do balanço de riscos para inflação. Na semana passada, o humor dos investidores melhorou subitamente com a leitura de que não haverá elevações na taxa básica de juros, o menor ritmo mensal de redução do estoque dos Treasuries no balanço do Federal Reserve (Fed) e os números favoráveis do payroll. Como desdobramento, em 03/05, a ferramenta FedWatch do CME Group apontava uma probabilidade de apenas 8,5% para manutenção do atual patamar entre 5,25% a.a. e 5,50% a.a. em dezembro. Adicionalmente, a cotação do petróleo exibiu uma forte redução de -7,3% na semana para US$ 82,96, o menor patamar desde 12/03/24. Com esse refluxo em variáveis importantes e o melhor desempenho do que a média de seus pares emergentes, o real apreciou-se em 0,85% na semana, com o dólar encerrando cotado a R$ 5,07 e alcançando o menor patamar desde 10/04/24. Em menor grau, favoreceu também a elevação de estável para positiva, a perspectiva para o rating Ba2 do Brasil pela Moody’s, motivada pelas expectativas positivas para o crescimento econômico, uma consolidação ainda que gradual do cenário fiscal e uma posição externa sólida. Alinhando-se à boa performance dos indicadores de alta frequência, as projeções de crescimento do PIB continuaram melhorando, com a Focus indicando uma expansão de 2,05% em 2024 (1,90% há 4 semanas). Depois do estresse nas últimas semanas, as taxas futuras de juros voltaram a recuar, entretanto permanecendo em patamar mais elevado do que o observado há 1 mês atrás. Em patamar contracionista, a taxa real de juros ex-ante fechou em 6,33% a.a., o que representou uma queda de -0,11 p.p. na semana e uma alta de 0,13 p.p. em relação a 03/04. Na semana que se adentra, atenção especial deve ser dada ao IPCA, em especial na evolução dos dados qualitativos, principalmente nas medidas de núcleos, subjacentes e serviços, além dos dados da inflação no atacado com a divulgação do IGP-DI. Ainda para o período, destaque para as divulgações dos dados fiscais, pesquisa mensal do comércio, produção de veículos, crédito ao consumidor nos EUA, confiança do consumidor da Universidade de Michigan, PMI serviços e vendas no varejo na Zona do Euro e PMI Caixin serviços e balança comercial na China
Boa leitura!