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Comportamento Semanal – Ainda sob céus nublados

No simpósio anual de 2023 de Jackson Hole, em que são debatidas as questões relativas à política monetária, Jerome Powell assinalou que “o Federal Reserve (Fed) navegava pelas estrelas sob céus nublados”. De lá para cá, apesar de se praticamente eliminar o risco de um aperto monetário adicional, contudo foram frustradas as expectativas de uma queda na taxa baixa de juros nos primeiros meses de 2024. Assim ainda sob céus nublados, o sentimento de que o início do ciclo de flexibilização monetária nos EUA deverá ser retardado foi reforçado na semana por novos dados robustos do mercado de trabalho e por comentários de dirigentes do Fed favoráveis à manutenção do aperto por um período que assegure a convergência da inflação à meta e pela sinalização de uma maior taxa de juros neutra. Como consequência, os rendimentos dos treasuries se elevaram e os principais índices acionários amargaram perdas. O monitoramento da ferramenta FedWatch do CME Group reduziu a probabilidade de uma queda de -0,25 p.p. em junho na taxa básica de juros de 56,8% em 01/04 para de 50,8% no fechamento de 05/04 (57,4% em 08/03). Na semana, o resultado da inflação ao consumidor (CPI) de março pode trazer mais luz para a navegação da política monetária. Pelo lado da atividade, há alguns sinais de que o aperto contracionista esteja surtindo algum efeito, como mostram os números relativos ao PMI industrial e de serviços de março, ambos em queda. Contudo, os efeitos são limitados, como revela o índice de atividade do setor industrial medido pelo ISM, que indicou expansão pela 1ª vez desde set/22, atingindo 50,3 em março, com o subíndice de preços avançando de 52,5 para 55,8, indicando um possível cenário prospectivo com pressões inflacionárias. Como desdobramento do movimento externo nas taxas longas, a curva de juros encerrou com um aumento nos prêmios de risco, precificando uma Selic terminal mais elevada. A taxa real de juros ex-ante estaria próxima de 6,2% a.a., nível ainda contracionista, como desejado pelo Banco Central (BC). A produção industrial recuou -0,3% em fev/24, mas com uma composição não tão ruim, concentrada na indústria extrativa. As estatísticas das contas externas mantiveram bom desempenho. Por sua vez, o déficit primário acumulado em 12 meses alcançou 2,4% do PIB em fev/24. Contudo, a elevação na margem se deu basicamente em razão da antecipação de R$ 29,4 bilhões do pagamento de precatórios, se não houvesse essa ocorrência, haveria uma redução no déficit ante fev/23. Com o crescimento da probabilidade da manutenção da meta fiscal em 2024, a projeção do déficit primário reduziu-se de -0,75% para -0,70% do PIB. Ainda na semana, o destaque interno ficará com os números quantitativos e qualitativos do IPCA de março. O índice deverá desacelerar na margem com a dissipação das pressões dos preços dos alimentos, combustíveis e educação. No que tange à atividade, a atenção deverá estar voltada para os dados de varejo e serviços, termômetro da economia. Lá fora, a ata do Fed, o início da temporada de balanços nos EUA, e a reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) estarão no foco

Boa leitura!

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