Nem tanto pela decisão que já se sabe ratificará um novo corte de -0,50 p.p. na taxa Selic para 10,75% a.a., a grande ansiedade da semana advém de uma possível mudança no “forward guidance” da política monetária emitido pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Se há risco na manutenção das diretrizes em uma conjuntura de lenta desinflação e desancoragem das expectativas, na ausência de uma evidência de uma deterioração concreta do cenário da inflação, o intuito de conferir um maior grau de liberdade para o gerenciamento do balanço de riscos será interpretado como uma deterioração no cenário básico de inflação, o que trará volatilidade na estrutura a termo da taxa de juros e com chance de ser contraproducente na recuperação da atividade que esteve estagnada no 2º semestre de 2023. Embora o IPCA de fevereiro tenha ficado acima das projeções, com uma alta de 0,83%, o indicador apresentou uma composição benigna, com a desaceleração nas medidas subjacentes. Ademais, a curva futura de juros tem precificado uma taxa real de juros ex-ante para 1 ano muito próxima de 6,0% a.a., patamar contracionista que supera com folga a taxa neutra de 4,5% a.a. indicada pelo Banco Central e recomendado para a convergência da inflação à meta. Na série com ajuste sazonal, o índice de atividade econômica (IBC-Br) avançou 0,60% em janeiro, acelerando de 0,22% em dez/23 para 0,90% na base trimestral. Utilizado como indicador antecedente do PIB, o IBC-Br refletiu as altas de 2,5% no varejo e de 0,7% no volume de serviços, além da retração de -1,6% na produção industrial. Em 12 meses, o índice apresentou uma alta de 2,47% a.a.. Ainda sem contemplar os números positivos para o setor de comércio e serviços, a projeção de expansão do PIB no Boletim Focus avançou de 1,77% em 01/03 para 1,78% em 08/03. Já o Caged apontou que foram criadas 180,4 mil vagas de trabalho formais em janeiro. Na semana que se inicia, o Federal Reserve (Fed) também fará a sua reunião de política monetária em que a taxa básica de juros permanecerá entre 5,25% a.a. e 5,50% a.a.. Aqui os anseios estarão voltados para uma possível manutenção da indicação de 3 cortes de – 0,25 p.p. em 2024 em um cenário de resiliência da atividade e gradual desaceleração da inflação. Com o aumento do pessimismo nos mercados globais, a ferramenta FedWatch do CME Group reduziu a probabilidade de queda de -0,25 p.p. na reunião de junho de 59,6% no dia 11/03 para 55,2% na última sexta-feira. Para esta semana, destaques também para as divulgações do IGP-10, confiança do consumidor FGV e arrecadação federal, além das vendas no varejo e produção industrial da China, PMI manufatura e serviços nos EUA e na Zona do Euro e para a inflação ao consumidor e confiança do consumidor na Zona do Euro.
Boa leitura!