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Comportamento Semanal – A dissonância deve persistir

As expectativas refletidas no Boletim Focus continuam deteriorando-se a despeito do comportamento confortável da inflação corrente. Receios com os rumos da política fiscal, a recomposição da diretoria do Banco Central (BC) e até a calamidade no Rio Grande do Sul (RS) ajudam a responder por esse processo de desancoragem das expectativas, mas a frustração com o início da flexibilização monetária nos EUA e a comunicação da autoridade monetária têm também papel relevante nesse movimento. A percepção é de que a conjunção desses fatores não deverá permitir a correção no curto prazo desta dissonância entre inflação corrente e expectativas. Além de desacelerar de 3,77% a.a. em abr/24 para 3,70% a.a., a inflação dos preços livres do IPCA tem oscilado em torno do centro da meta, ficando em 2,98% a.a. em maio. Adicionalmente, o avanço da média dos núcleos acompanhados pelo BC reduziu-se de 3,61% a.a. para 3,50% a.a. e, na série dessazonalizada, a média móvel trimestral anualizada saiu de 4,00% a.a. para 3,12% a.a.. A despeito dessa melhora na dinâmica inflacionária, as expectativas de 2025 seguiram se desancorando, com as projeções passando de 3,75% para 3,77% (3,64% há 4 semanas). O Focus passou, ainda, a contemplar apenas mais uma redução de -0,25 p.p. em junho na Selic, assim a taxa para o final de 2024 aumentou de 10,00% a.a. para 10,25% a.a. (9,63% a.a. há 4 semanas). Com base no mercado futuro, a taxa real de juros ex-ante permaneceu em 6,68% a.a., 0,23 p.p. acima da verificada na data da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e em patamar restritivo quando comparado com os 4,5% apresentado como a taxa neutra pelo BC. Ainda que marcada pela volatilidade dos ativos, o balanço de dados da inflação e atividade nos EUA favoreceram a aversão ao risco ao final da semana, levando ao recrudescimento das apostas do início da derrubada da taxa de juros básica pelo Federal Reserve (Fed) no 2º semestre. Embora o processo de convergência à meta deva ser árduo e longo, a probabilidade de uma queda de -0,25 p.p. em setembro, indicada pelo CME, subiu na semana de 44,9% para 47,0%. Além da incerteza com a trajetória da política monetária nos EUA, a taxa de câmbio do real foi impactada pela redução nas cotações das commodities por causa do possível desaquecimento da economia da China. Na semana que se adentra, sem grandes chances de mudar o cenário das expectativas, as atenções locais estarão voltadas para o resultado do PIB do 1T24, o resultado da produção industrial de abril, a produção e venda de veículos em maio, o IGP-DI da FGV e os dados da balança comercial. No ambiente internacional, destaque para os dados de emprego nos EUA (payroll) do mês de maio, que poderão trazer volatilidade aos mercados caso não confirmem uma desaceleração. Outro fator a acompanhar será o encontro de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), que deverá dar início ao ciclo de flexibilização monetária, com um corte de -0,25 p.p. das taxas de juros. A semana ainda trará alguns indicadores de atividade das principais economias.

Boa leitura!

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