*A despeito do ambiente recessivo, o saldo das operações de crédito acumulou crescimento de 15,5% a.a. em 2020 (6,5% a.a. em 2019). As instituições financeiras de controle privado e estrangeiras mostraram melhor performance, embora as públicas tenham se recuperado com a adoção dos programas de estímulo de crédito do governo federal, incentivo que será reduzido de forma considerável em 2021.
*O desempenho positivo no mercado de crédito foi alavancado pelos empréstimos para Pessoas Jurídicas (PJ) que terminaram o ano com expansão de 21,8% a.a.. Contribuindo significativamente nas modalidades com Recursos Livres (RL), o capital de giro utilizado para a preservação de caixa pelas empresas na crise, expandiu 46,3% a.a.. Da mesma forma foi favorável a implementação de programas como FGI-Peac, Pronampe e Pese levando o crédito com Recursos Direcionados (RD) para PJ crescer 23,0% a.a.. Com a variação de 10,9% a.a., os empréstimos para Pessoas Físicas (PF) contaram com o avanço da modalidade crédito consignado (14,4% a.a.), crédito rural (13,1%) e o financiamento imobiliário (11,7%).
*Em 2020, as taxas de juros das concessões e do indicador do custo de crédito (ICC) exibiram, respectivamente, quedas de -4,2 p.p. e de -3,5 p.p., acompanhando o processo de redução de 2,5 p.p. da taxa Selic. Como consequência, os spreads se reduziram. A qualidade da carteira também apresentou melhora, com a diminuição da taxa de inadimplência média em -0,8 p.p. ( -0,9 p.p. para PJ e -0,7 p.p. para PF).
*Com relação à qualidade dos ativos, a evolução dos indicadores reflete os impactos das medidas regulatórias adotadas pelo Banco Central no que se refere à renegociação, reestruturação e carências no pagamento de parcelas das dívidas. A proporção das operações de maior risco – classificada entre “E” e “H” – das Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPMe) e das Grandes Empresas (Ge) fecharam, respectivamente, em 7,1% (9,6% em dez/19) e 6,4% (7,0% em dez/19).
*Com dados até outubro, o endividamento das famílias em relação à renda encerrou no maior patamar desde o início da série em jan/15, totalizando 50,3%, com avanço de 5,5 p.p. em 12 meses, enquanto o comprometimento da renda das famílias fechou em 21,7%, com elevação de 1,7 p.p. em 12 meses.
*Após alcançar um crescimento 15,4% a.a. em mar/20, as concessões totais acumuladas em 12 meses fecharam o ano com alta anual de 4,8% a.a.. O ritmo de expansão par PJ saiu de 17,4% a.a. em abr/20 para 10,2% a.a. e de 15,1% a.a. em jan/20 para 0,4% para PF. A desaceleração é agravada com a tendência de queda em dezembro, com as concessões totais dessazonalizadas exibindo queda mensal de -9,8% (-14,7% para PJ e -4,0% para PF).
*Em termos prospectivos, o cenário para 2021 não é positivo para a dinâmica do mercado de crédito, tanto no que tange aos volumes, como nos indicadores de qualidade dos empréstimos. Com um cenário complicado para atividade, a expectativa do Banco Central aguarda o arrefecimento da expansão do crédito, com o impacto na atividade da retirada dos diversos estímulos do governo, de modo que o total de crédito cresça 7,8% em 2021, decomposto por 11,1% com RL, 3,3% para RD, 10,6% para PF e 4,2% para PJ.