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Aperto monetário e ancoragem das expectativas

Solidificou-se a perspectiva da necessidade de intensificação do ciclo de aperto monetário, com a deterioração no quadro do balanço de riscos, manifestada na conjugação do hiato do produto positivo e no mercado de trabalho aquecido com as pressões na inflação corrente, a piora na composição das medidas qualitativas, a ampliação na desancoragem das expectativas inflacionárias e a significativa depreciação cambial.

O Boletim Focus indica elevações de 0,50 p.p. na Selic em novembro e em dezembro, com a taxa encerrando 2024 em 11,75% a.a.. O ciclo prosseguiria em 2025, com o indicador chegando a 12,50% a.a. em junho. A retomada do ciclo de flexibilização monetária iniciar-se-ia em julho com uma queda de -0,25 p.p.. Contemplando esses ajustes, a projeção para a Selic ao final de 2025 subiu de 11,25% a.a. em 25/10 para 11,50% a.a. em 01/11. Na semana, apurada pela curva futura de juros, a taxa real de juros ex-ante subiu 0,34 p.p. para 8,52% a.a., nível inequivocamente contracionista.

Com a pressão com o mau humor no cenário externo, por causa de uma eventual política protecionista nos EUA, e a recorrente preocupação com a dinâmica fiscal, o real encerrou a semana com uma forte depreciação de 2,85%, com o dólar cotado a R$ 5,87 – o maior patamar desde 13/05/20. Com algum impacto da trajetória do câmbio, persiste o movimento de ampliação na desancoragem das expectativas inflacionárias, ainda que se tenha um cenário base de maior aperto monetário. No Boletim Focus, as projeções de 2025 elevaram-se de 4,00% em 25/10 para 4,03% em 01/11, as de 2026 de 3,60% para 3,61% e no horizonte relevante para a política monetária de 3,88% para 3,89%.

Reiterando a força da atividade econômica, a produção industrial cresceu 1,1% em setembro, elevando a variação acumulada em 12 meses de 2,36% a.a. em ago/24 para 2,60% a.a.. Na mesma linha, a taxa de desocupação caiu para 6,4% no trimestre findo em setembro, com a população ocupada atingindo novo recorde (103 milhões) e a desocupada no menor nível desde jan/15 (7,0 milhões). Como reflexo do bom momento, o déficit em transações correntes acumulado em 12 meses chegou a -2,07% do PIB em setembro, sendo financiado com folga pelos investimentos diretos no país (IDP), em 3,20% do PIB.

Visto que a inflação nos EUA parece caminhar de forma sustentável em direção à meta de 2,0% e a atividade ruma para um pouso suave, consolidaram-se as apostas de uma flexibilização mais gradual pelo Federal Reserve (Fed), com corte de -0,25 p.p. em novembro. O índice de preços de gastos com consumo (PCE) desacelerou de um avanço de 2,3% a.a. em agosto para 2,1% a.a., com a taxa de desemprego mantendo-se em 4,1% a.a..

Na agenda da semana, além da decisão do Copom, enfoque no resultado do IPCA de outubro, que pode reforçar as preocupações com o comportamento da inflação, nos números fiscais, da balança comercial e setor automotivo. No exterior, os destaques recaem para as eleições presidenciais nos EUA e decisão do Fed.

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