O ano começou com um alívio pontual na aversão ao risco dos ativos domésticos, em meio à liquidez reduzida e a agenda escassa. Todavia, o ambiente mostra-se repleto de incertezas para 2025, em meio às preocupações com o equilíbrio das contas públicas, às expectativas de um governo mais protecionista nos EUA e às dúvidas sobre o ritmo de crescimento da economia chinesa.
Na semana, o dólar se depreciou em -0,11%, cotado a R$ 6,19. O Banco Central (BC) realizou nova intervenção no mercado à vista, com a venda de US$ 1,82 bilhão. Ao mesmo tempo, o risco soberano medido pela cotação do CDS de 5 anos caiu -8,98 bps., para 202,20 bps.. Por outro lado, o Ibovespa acumulou uma queda de -1,44%, voltando ao patamar dos 118 mil pts..
Em consonância ao mercado dos treasuries, os juros futuros recuaram em toda a extensão da curva. A taxa real de juros ex-ante diminuiu -0,14 p.p. na semana, para 9,63% a.a. em 03/01, porém, mantendo-se em patamar fortemente contracionista, quando comparado à taxa neutra de 5,0% a.a. estimada pelo BC.
Robustecendo o quadro bastante desafiador para a convergência da inflação à meta, o movimento de desancoragem das expectativas persiste, em um cenário marcado pela expressiva depreciação cambial, apesar das projeções de um aperto monetário maior e mais duradouro. Assim, no horizonte relevante para a política monetária, a projeção para o IPCA acumulado em 12 meses para o final do 2T26 saiu de 4,31% em 27/12 para 4,36% em 03/01. No Boletim Focus, as estimativas para a Selic elevaram-se na semana de 14,75% a.a. para 15,00% a.a. ao fim de 2025, permanecendo em 12,00% a.a. ao fim de 2026 e em 10,00% a.a. no término de 2027.
Dentre as divulgações, o Indicador de Incerteza da Economia (IIE-Br), medido pela FGV, avançou 5,0 pts. na margem em dezembro, para 115,4 pts., permanecendo na faixa desfavorável, acima de 110 pts., pelo 2º mês consecutivo. No mesmo sentido, o Índice de Confiança Empresarial (ICE), também da FGV, registrou em dezembro uma retração de -0,1 pt., atingindo 97,3 pts.. Contribuíram para esse cenário, o ambiente macroeconômico de aumento dos juros, câmbio mais depreciado e as incertezas sobre a sustentabilidade fiscal, podendo manter os indicadores em patamares desconfortáveis nos próximos meses.
Na agenda da semana que se adentra, destaques para os números do IPCA e IGP-DI de dezembro, além das vendas no varejo e produção industrial de novembro. No exterior, as atenções se voltam para a ata da última reunião do Federal Reserve (Fed), o relatório de emprego (payroll) dos EUA e os PMIs Compostos e Serviços nos EUA e Zona do Euro.