Além da manutenção da taxa básica de juros, aguardava-se que a comunicação do Federal Reserve (Fed) alinhasse às expectativas de mercado quanto ao início do processo de flexibilização monetária. Apesar de ter sido mantida a possibilidade de novos aumentos nos Fed Funds e com poucas alterações em relação à mensagem anterior, a leitura dos sinais emitidos foi de uma postura mais moderada da autoridade monetária, favorecendo a tomada de risco. Assim, com a sinalização de que foram discutidos de 3 a 4 cortes em 2024, as apostas de mercado apontaram como provável um 1º corte em março.
Aguardando um maior detalhamento da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), parece que o quadro mais otimista do Fed que apontou como cenário base o término do ciclo de aperto monetário, afastando o risco de uma recessão, não foi completamente contemplado nas avaliações. Ao afirmar que é preciso perseverar uma política monetária contracionista até que se consolide a ancoragem das expectativas em torno das metas, os avanços na desinflação foram entendidos como insuficientes para alterar a orientação futura.
Mesmo com a evolução favorável nos dados qualitativos e da inflação corrente, as expectativas inflacionárias mantiveram-se consideravelmente acima do centro da meta de 3,00%, ficando em 3,93% para 2024 e em 3,50% para 2025. No IPCA de novembro, a média móvel trimestral (MM3) do índice cheio passou de 3,47% a.a. em out/23 para 2,28% a.a., enquanto a média dos 5 núcleos acompanhados pelo Banco Central (BC) variou de 3,29% a.a. para 3,19% a.a.. A discussão de um possível aumento no ritmo de cortes também tem ganhado força com a desaceleração da atividade. Em outubro, o setor de serviços registrou a 3ª queda mensal seguida, recuando -0,6%, indicando um carregamento estatístico de 2,1% para 2023. Em consonância, o setor varejista apresentou queda mensal de -0,3% no restrito e de -0,4% no ampliado, com respectivos carregos de 1,9% e de 2,3%. Na semana que se adentra, destaque para os indicadores mensais do PIB de outubro (IBC-BR e Monitor da FGV), que devem quantificar a perda de dinamismo da economia no começo do 4T23.
O anseio é que a ata do Copom e o Relatório de Inflação tragam mais luz sobre a real possibilidade de uma aceleração do ciclo de cortes da taxa Selic e, principalmente, nas condições para que isso aconteça, diante da recente melhora do cenário externo, da continuidade do processo de desinflação e da desaceleração da atividade.
Na semana, também poderão ser conhecidos os dados do setor externo e da arrecadação federal de impostos. No cenário internacional, a atenção estará voltada para o deflator dos gastos pessoais (PCE) de novembro e a leitura final do PIB dos EUA do 3T23, dados do setor imobiliário e a confiança dos consumidores. Na Zona do Euro, destaque para o número final da inflação ao consumidor (CPI) de novembro.
Boa leitura!