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Choque na Selic

Com uma parte do mercado esperando por um aumento de 0,75 p.p., o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Meta Selic em 1,00 p.p., para 12,25% a.a.. De forma mais surpreendente, o Copom praticou um choque na taxa de juros, sinalizando ainda mais 2 aumentos de mesma magnitude nas próximas reuniões, com o indicador devendo alcançar pelo menos 14,25% a.a. em março. 

Combinando uma forte depreciação cambial, desancoragem adicional das expectativas de inflação, elevação das projeções inflacionárias, dinamismo acima do esperado na atividade e maior abertura do hiato do produto, o ambiente doméstico mostra-se mais adverso para o balanço de riscos da inflação. Assim, por conta da materialização de riscos se fez necessária uma política monetária ainda mais contracionista, como desdobramento a taxa real de juros ex-ante subiu 0,25 p.p na semana, para 9,66% a.a.. 

Com uma piora qualitativa em sua composição, o IPCA de novembro avançou 0,39% no mês, acelerando a alta de 4,76% a.a. para 4,87% a.a., afastando-se ainda mais do teto da meta de 4,5%. Evidenciando ainda mais o desconforto no curto prazo e o desafio para a convergência da inflação, a média dos 5 núcleos ampliou-se de 4,00% a.a. para 4,21% a.a., ao passo que para os serviços subjacentes, mais sensíveis às condições de demanda, o avanço acelerou de 5,32% a.a. para 5,67% a.a.. 

Reiterando o bom dinamismo econômico, o índice de atividade do Banco Central (IBC-Br) avançou 0,14% na margem em outubro, impulsionado pelos serviços e o comércio, acelerando os ganhos em 12 meses de 2,98% a.a. para 3,43% a.a. e deixando um carrego estatístico de 3,52% para 2024. 

Há uma significativa volatilidade no mercado de ativos, condicionada por vetores como: (i) os temores com a trajetória da dívida pública; (ii) o grande desafio para a ancoragem das expectativas em torno da meta da inflação em um cenário de forte depreciação cambial; e (iii) o forte ajuste na curva futura de juros após a sinalização do Copom.  

Descolando-se das moedas emergentes, o real se apreciou 0,49% na semana. Ademais, com um aumento no patamar das taxas futuras de juros, reduziu-se a inclinação da curva. Por fim, o Ibovespa cedeu -1,06%, no patamar de 124 mil pts.. 

A aceleração no ritmo de crescimento do índice de preços ao consumidor (CPI) e a surpresa no índice de preços ao produtor (PPI) nos EUA em novembro alimentaram ao longo da semana a volatilidade nas cotações dos ativos financeiros. Com o mercado visualizando uma estratégia gradualista na flexibilização monetária, a ferramenta FedWatch do CME Group indicava em 13/12 uma probabilidade de 96,0% para um corte de -0,25 p.p. na taxa básica de juros em dezembro, para a faixa entre 4,25% a.a. e 4,50% a.a.. Para janeiro, as chances de manutenção nesse limite subiram de 65,4% em 09/12 para 78,3%.  

Para a semana que se adentra, as atenções estarão centradas na Ata do Copom e no Relatório Trimestral de Inflação, que trarão mais detalhes e fundamentos sobre a decisão recente e o cenário econômico. Na agenda internacional, além da decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed), ocorrerá também reuniões no Reino Unido, Japão, China, Rússia, México e Colômbia. Serão divulgados nos EUA também o PMI manufatura e serviços, vendas no varejo, produção industrial, números do setor imobiliário, confiança do consumidor e o deflator de gastos com consumo (PCE). Na Europa, saem o PMI manufatura e serviços, CPI e confiança do consumidor. 

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